NOVAS NARRATIVAS, EDUCOMUNICAÇÃO E RELAÇÕES RACIAIS: UM CAMPO POSSÍVEL PARA O EXERCÍCIO DA ALTERIDADE

Resumo

Este artigo tem como propósito apresentar algumas reflexões concernentes ao papel da Educomunicação (campo disciplinar que se instala no território das tecnomediações contemporâneas) no exercício da alteridade. Parte de uma premissa básica: num mundo densamente povoado por artefatos tecnológicos, em que significativo quinhão das nossas experiências é gestado pelos/nos espaços digitais e eletrônicos, os vínculos construídos socialmente, as imagens que projetamos de nós mesmos e dos outros, são advindos, em grande parte, dos chamados sistemas de informação e entretenimento. De acordo com o pesquisador francês Dominique Wolton, a comunicação, a identidade e a cultura constituem o triângulo explosivo do século XXI, o que nos leva a inserir essas três dimensões no epicentro do debate em torno das alteridades, pedra angular da política global de nossos dias. A reedição de práticas xenófobas e racistas ao redor do mundo nos dá o testemunho de que é preciso pensar nas imagens construídas sobre o Outro como práticas educativas que tecem os laços sociais, produzidas e sedimentadas por regimes simbólicos e imaginários que definem e hierarquizam o humano. Podemos puxar os fios que ligam tais reflexões com propostas que selem a vinculação entre discursos midiáticos – os discursos circulantes por excelência – com uma ação reflexiva que pense a educação para além de sua dimensão instrutiva, eurocentrada, calcada na monocultura do saber, e propugne uma pedagogia plural que abarque a diversidade humana em consonância com os códigos da sociedade prodigiosamente tecnologizada, ambientada num ecossistema comunicativo responsável por formar a textura social da experiência. Tal esforço acaba por incidir nas discussões alusivas ao racismo e outras formas de discriminação e convida ao debate tópicos que envolvem a implementação da Lei 10.639/03 no Brasil.