É JEITINHO, MALANDRAGEM OU CORRUPÇÃO? A PERCEPÇÃO DOS ATUAIS E FUTUROS GESTORES DA GERAÇÃO Y SOBRE AS CONDUTAS ILÍCITAS COTIDIANAS E ORGANIZACIONAIS
DOI:
https://doi.org/10.48075/revex.v17i1.18774Resumo
O brasileiro, caracterizado pela sua flexibilidade, criatividade e malandragem, encontrou no “jeitinho” uma forma de contornar a rigidez das leis para se obter benefícios. E esse jeitinho é, segundo os autores, perpetuado com os jovens, atuais e futuros gestores desse país. Fica, contudo, uma indagação: é o jeitinho um comportamento cultural criativo ou se configura como um primeiro degrau para a corrupção como defende alguns autores? Esse trabalho analisou a percepção da chamada Geração Y diante das condutas ilícitas cotidianas e organizacionais, classificando-as como jeitinho, malandragem ou corrupção. Foi realizada uma survey com estudantes da Administração, Ciências Contábeis e Gestão da Informação das diversas regiões brasileiras. Os dados revelaram que 66,5% dos pesquisados já deram um jeitinho para conseguir algo para si mesmo. Verificou-se, ainda, que as condutas ilícitas, tidas como malandragem e como uma prévia para a corrupção são mais percebidas e rejeitadas no ambiente empresarial que no cotidiano, entre os mais idosos, as mulheres, os casados e aqueles que trabalham, levando à inferência de que os jovens que ainda não trabalham e que sejam do sexo masculino são mais propensos à tolerar atitudes corruptivas.
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