O CARÁTER FRONTEIRIÇO DO SUJEITO CITADINO EM PABLO NERUDA

Autores

  • Ximena Antonia Diaz Merino
Agências de fomento
CAPES - Bolsa de Doutorado

Palavras-chave:

Fronteira, Identidade, Pablo Neruda.

Resumo

O processo imagético na obra de Pablo Neruda se constrói através da criação de imagens resultantes do resgate das experiências de vida guardadas na memória. Trata-se também de um questionamento existencial do poeta com base no olhar crítico sobre o momento histórico e pessoal. Neste processo criativo o mundo imagético de Neruda faz uma forte referência aos elementos da natureza de Temuco, cenário cotidiano de sua infância e adolescência, constituintes da paisagem que permaneceu em sua memória e se cristalizou em sua obra. A constatação de que na passagem da província para a capital Neruda não atinge emocionalmente seu destino final, permanecendo num longo estado de transição (limiar), permite apontar para o surgimento de um ‘sujeito fronteiriço’ situado entre o universo provinciano e o universo urbano.  Em Neruda, o conceito de fronteiriço não alude somente a uma demarcação territorial entre duas regiões que são política e culturalmente diferentes, mas também a delimitações temporais, já que em sua permanência na cidade o poeta se transforma num corpo que experimenta o lugar e estabelece uma relação crítica frente a ele: descreve-o poeticamente e desenvolve uma mobilidade temporal da cidade à província. Este estado fronteiriço demonstra uma posição intermediária em indivíduos que ao se deslocarem dentro do próprio país se sentem à margem de sua própria cultura. Em Neruda a noção de fronteira é uma problemática recorrente na temática das cidades, onde o fronteiriço tem relação com o espaço geográfico (campo, metrópole e porto), com o espaço temporal (presente e passado) e com o espaço cultural, no que se refere às diferenças identitárias regionais de um mesmo país. Por isto, é importante abordar a análise da superação de fronteiras no que diz respeito às questões de ordem geográfica e cultural, mas sobre tudo às formulações subjetivas decorrentes dos processos interpessoais.

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Publicado

08-12-2014

Como Citar

DIAZ MERINO, X. A. O CARÁTER FRONTEIRIÇO DO SUJEITO CITADINO EM PABLO NERUDA. Línguas & Letras, [S. l.], v. 15, n. 29, 2014. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/11060. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ TEMÁTICO: LITERATURA E RESISTÊNCIA EM CONTEXTOS FRONTEIRIÇOS