O Letramento Escolarizado e as Práticas Multiletradas em Contexto Superdiverso de Fronteira

Autores

  • Maria Elena Pires Santos UNIOESTE
  • Maria Inêz Probst Lucena
Agências de fomento
Capes

Palavras-chave:

superdiversidade, letramento escolarizado, práticas multiletradas

Resumo

Embora nos últimos anos tenham-se ampliado as pesquisas e publicações que rompem com a visão do Brasil como um país monolíngue, é fato inegável que, no contexto escolar, ainda persiste fortemente esse mito, mesmo em contextos de fronteira em que a ‘superdiversidade’ (VERTOVEC, 2007) salta aos olhos. A Linguística Aplicada, em sua vertente indisciplinar e transcultural (MOITA LOPES, 2006, 2013; CAVALCANTI, 2013; SIGNORINI, 2013, entre outros), no âmbito das novas epistemologias que propiciam a apreensão de fenômenos ou eventos compartilhados em que todos são participantes, abre espaço para a discussão e/ou a solução de problemas relacionados a práticas de linguagem situadas. É sob esse enfoque que, nesse artigo, problematizamos o letramento escolarizado frente às práticas “multiletradas” (SOUZA, 2011; ROJO, 2012), como forma de legitimação dos saberes locais e da superdiversidade, no contexto escolar da Tríplice Fronteira Brasil, Paraguai e Argentina. Para tanto, apresentamos exemplos provenientes de uma pesquisa etnográfica, focando em um evento na sala de aula de Língua Portuguesa em que professora e alunos/as trabalham colaborativamente na construção de uma peça teatral. Os resultados mostram como a negociação entre os saberes escolares institucionalizados e os saberes locais da vida vivida permitem que os alunos tornem-se protagonistas da própria história e mostram ainda como as práticas multiletradas fazem parte das suas práticas sociais.

Biografia do Autor

Maria Elena Pires Santos, UNIOESTE

Centro de Educação, Letras e Saúde

Área Linguística Aplicada

Referências

BHABHA, H. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 2001

BLOMMAERT, J. On scope and depth in linguistic ethnography. Journal of Sociolinguistic. 11/5, 2007, pp. 682-688.

BLOMMAERT, J.; RAMPTON, B. Language and superdiversity. Diversities. Vol. 13, no. 2, 2011, pp. 1-21.

BLOMMAERT, J.; MALY, I. Ethnographic linguistic landscape analysis and social change: a case study. In: Working papers in Urban language & literacies. Paper 133. Tilburg University, 2014.

CANAGARAJAH, S. Translingual practice: global englishes and cosmopolitan relations. London/New York: Routledge, 2013.

CAVALCANTI, M.C. Um olhar metateórico e metametodológico em pesquisa em Linguística Aplicada: implicações éticas e políticas. In: MOITA LOPES, Luiz P. (org.) Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006, pp. 233-252.

CAVALCANTI, M. C. Educação linguística na formação de professores de línguas. In: MOITA LOPES, L. P. Linguística Aplicada na modernidade recente. São Paulo: Parábola, 2013, pp. 211-226.

CAVALCANTI, M. C. Línguas ilegítimas em uma visão ampliada de educação linguística. In: ZILLES, A.M.S.; FARACO, C.A. Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015, pp. 287-302.

FRASSON, M.; SCHLOSSER S.M.T. Fronteiras na fronteira: a trajetória dos migrantes brasiguaios e a influência econômico-jurídico-político-ideológica dos estados nacionais (BR e PY), a origem do aluno brasiguaio. Cadernos de Geografia. Vol.25, no. 44, 2015, pp. 70-96.

GARCIA, O.; WEI, L. Translinguaging: language, bilingualism and education. New York: Palgrave, 2014

GARCEZ, P. M. Invisible culture and cultural variation in language use: Why language educators should care. In: Linguagem & Ensino, v.1, no1. Pelotas: Educat, 1998, pp. 33-86.

GARCEZ, P.M.; SCHULZ, L.. Olhares circunstanciados: etnografia da linguagem e pesquisa em Linguística Aplicada. DELTA. v. 31, número especial, 2015, pp. 1-34.

LUCENA, M. I. P. Práticas de linguagem na realidade da sala de aula: contribuições da pesquisa de cunho etnográfico em Linguística Aplicada. DELTA. v. 31, número especial, 2015, pp. 67-96.

MCCARTY, T. L. Empowering indigenous languages – What can be learned from native American experiences? In: SKUTNABB-KANGAS, T.; PHILLIPSON, R.; MOHANTY, A. K.; PANDA, M. (eds). Social justice through multilingual education. Toronto: Multilingual Matters, 2009, pp. 125-139.

SOUZA, L. M. T.M. Para uma redefinição de letramento crítico: conflito e produção de significação. In: MACIEL, R. F. & ARAÚJO, V. A. (orgs.) Formação de professores de línguas – Ampliando perspectivas. Jundiaí: Pacto Editorial, 2011, pp. 128-140.

MOITA LOPES, L. P. Uma Linguística Aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, L.P. (org.) Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006, pp. 13-44.

MOITA LOPES, L. P. Inglês e globalização em uma epistemologia de fronteira: ideologia linguística para tempos híbridos. DELTA. Vol. 24, no. 2, 2008, pp. 309-340.

MOITA LOPES, L. P. Gênero, sexualidade, raça em contextos de letramentos escolares. In: MOITA LOPES, L.P. (org.) Linguística Aplicada na modernidade recente. São Paulo: Parábola, 2013, pp. 227-248.

PENNYCOOK, A. Uma Linguística Aplicada transgressiva. In: MOITA LOPES, L. P. (org.) Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006, pp. 67-84.

PIRES-SANTOS, M. E.; LUNARDELLI, M.G.; JUNG, N. M.; SILVA, R. C. M. “Vendo o que não se enxergava”: condições epistemológicas para construção de conhecimento coletivo e reflexivo da língua(gem) em contexto escolar. DELTA. v. 31, número especial, 2015, pp. 36-66.

PIRES-SANTOS, M.E. Representing multilingualism and identities at the Triple Frontier: a “Braziguayan” student and her linguistic repertoire. In: CAVALCANTI, M.C.; MAHER, T.M. (orgs.) Multilingual Brazil: language resources, identities and ideologies in a Globalized World. London and New York, 2018, p. 66-78.

ROJO, R. Pedagogia dos multiletramentos. In: ROJO, R.; MOURA, E. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012, pp. 11-34.

SIGNORINI, I. Metapragmáticas da língua em uso: unidades e níveis de análise. In: SIGNORINI, I. (org.). Situar a linguagem. São Paulo: Parábola, 2008, pp. 117-148.

SIGNORINI, I. Bordas e fronteiras entre escritas grafocêntricas e hipermidiáticas. In: MOITA LOPES, L. P. (org.) Linguística Aplicada na modernidade recente. São Paulo: Parábola, 2013, pp. 197-210.

VERTOVEC, S. Super-diversity and its implications. Ethnic and racial studies. Vol. 30, no. 6, November 2007, pp. 1024-1054.

WANG, X.; SPOTTI, M.; JUFFERMANS, K.; CORNIPS, L.; KROON, S.; BLOMMAERT, J. Globalization in the margins: toward a re-evaluation of language and mobility. Applied Linguistics Review. 5(1): 2014, pp. 23-44.

Downloads

Publicado

04-12-2018

Como Citar

SANTOS, M. E. P.; LUCENA, M. I. P. O Letramento Escolarizado e as Práticas Multiletradas em Contexto Superdiverso de Fronteira. Línguas & Letras, [S. l.], v. 19, n. 44, p. http://dx.doi.org/10.5935/1981–4755.20180022, 2018. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/20555. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Transculturalidade, Linguagem e Educação