A SÁTIRA DE GREGÓRIO DE MATOS

Autores

  • Carlos Manuel Nogueira

Palavras-chave:

Literatura portuguesa, poesia satírica, Barroco

Resumo

No período barroco, apesar dos princípios teóricos e das prescrições que proíbem a ligação da poesia lírica a temas e linguagens prosaicos, recupera-se a vocação realista e concretista, com raízes na poesia cancioneiril medieval, que o classicismo renascentista interrompera. A realidade aparece, mais uma vez, reinventada em diversas graduações de ironia, sátira, caricatura, cómico, burlesco e grotesco; o pormenor, o contingente, o incidental, o baixo e o abjecto são essenciais nesta poesia, que busca a apreensão e exibição do real mais comum. Gregório de Matos é um dos maiores cultores desta sátira, que, com intenções de tipo mais ideológico ou mais pessoal, promove, através do lúdico e do riso, a fuga a mecanismos de repressão religiosa e social. O poeta não o admite, mas, para ele, a agressividade e a obscenidade satíricas podem e devem ser uma arte e uma pragmática ao serviço da verdade individual. A sátira de Gregório de Matos dá assim continuidade à linhagem de Lucílio e Juvenal, a que as poéticas portuguesas e estrangeiras se referem mais para exaltar a verticalidade ética dos autores do que para promover a linguagem directa a que recorrem.

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Publicado

07-02-2012

Como Citar

NOGUEIRA, C. M. A SÁTIRA DE GREGÓRIO DE MATOS. Línguas & Letras, [S. l.], v. 12, n. 23, 2012. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/5085. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Estudos Literários