LITERATURAS, MITOS E IDENTIDADES NO PROCESSO DE “DECOLONIZAÇÃO” DA AMÉRICA LATINA

Resumo

Este trabalho se propõe como leitura e análise da reflexão teórico-crítica e de narrativas  literárias que têm como base os “relatos” oriundos da cultura ameríndia e o consequente  “conflito” com o pensamento  pós-colonialista. Segundo uma prática de leitura comparatista, procura-se reler   o discurso crítico sobre a América Latina em consonância com o que   se produziu na esteira de Ángel Rama, por exemplo,  e em especial  sob a perspectiva  da “decolonização” decalcada do pensamento  crítico de Walter Mignolo: Learning to Unlearn – Decolonial Refletions from Eurasia and Americas (2012). Desse ângulo, propõe-se uma leitura da obra América mítica: histórias  fantásticas de povos nativos e pré-colombianos (2013), de autoria da brasileira Rosana Rios, que recupera narrativas ameríndias,  e  de obras  do escritor caribenho/sanandresano, Jimmy Gordon Bull, como Legado de piratas (2010), dentre outras,  cujo autor realiza, a partir do arquipélago  de San Andrés,  um resgate  cultural  desta  região do Caribe Insular. Como resultante da seleção do “corpus”, bem como da problematização da leitura enquanto  lugar de enunciação, o trabalho reflete-se na sua peculiar forma ensaística operando num espaço de reapropriação de vozes  silenciadas e/ou literaturas imigrantes e  identidades em trânsito.  Aos mitos desses povos, superpõe-se um legado de piratas a serviço da Coroa, do colonialismo, em sequiosa pilhagem econômica e cultural. Vários pontos  conectam as narrativas desses dois   escritores, dentre os  quais conflitos  fronteiriços,  que ressumam  a  intervenções  epistemológicas fronteiriças enquanto clave  de leitura-desleitura-desaprendizagem da “decolonização”, em uma forma de confrontação com a  reflexão crítica, pois que procuram refletir nesse  encontro um  modelo de um pensamento e produção do conhecimento “decolonizadores”.