ENCRUZILHADA

Autores

  • Alan Victor Pimenta de Almeida Pales Costa

Palavras-chave:

Imagem, Poética, Memória.

Resumo

 

Não adianta deixá-los de lado, nada de querer dar fim a essa fala remendada. Nos recolhermos na casa velha da infância, sentimos suas mãos embaixo de nossos passos, devo lvemos às raízes a origem de nossos pés, exploramos o silêncio dos corredores, as rachas nas paredes e, inflamando as narinas, revivemos os suspiros coalhados e os sussurros de vida, deixamos as preces, incendiamos a fé e as sombras enquanto sobem gemidos subterrâneos pelos rangidos da pedra, essa argamassa batida, fazemos da carne a maior casa, suando o sangue nessa fenda esquálida, rachando as palmas, apontando nossa presença no íntimo da casa velha, espiando pelas frinchas feito bicho, o mesmo aço intermitente do grito. Cada espaço grão, cada além orla, cada parte é um vale que abriga os simples. Nas palavras trincadas, nos dentes dos mortos, nos deuses, cada um com sua promessa. Nas multidões, cada um é um centro do universo que se separa na encruzilhada seguinte. O interior das formas gravita pleno vazio, plena matéria não estanque, como um mal entendido, um que modifique tudo, um sinal negativo na soma. Planejo obter, aqui e ali, uma imagem que se contente com o piscar dos olhos, um arranhão no espelho que me faça recompor tão depressa como se de nada eu fosse feito. Talvez o que eu queira com essas imagens seja ser um homem sem alma. Talvez meus ardores sejam transbordamento e forma. Talvez eu seja um ensaio. Ou antes, não passe de atitudes que às vezes são interrompidas por uma paisagem à qual me consinta viver.

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Publicado

30-04-2008

Como Citar

PIMENTA DE ALMEIDA PALES COSTA, A. V. ENCRUZILHADA. Travessias, Cascavel, v. 2, n. 1, p. e2962, 2008. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/2962. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

IMAGENS E SONS