Corpos imperfeitos: as teses médicas sobre infertilidade feminina apresentadas à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX
DOI:
https://doi.org/10.36449/rth.v24i2.23573Palavras-chave:
infertilidade; medicina; mulheres; maternidade.Resumo
Este artigo buscou problematizar o saber médico acerca da infertilidade feminina nas primeiras décadas do século XX. Para isso, foram analisadas teses apresentadas à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (FMRJ) e defendidas nas cadeiras de Higiene e Ginecologia/ Obstetrícia. Em linhas gerais foi observado que além de investigações e tratamentos clínicos, a infertilidade feminina foi debatida por médicos do período como uma questão moral, que envolvia desejo e recusa feminina à maternidade.
Referências
ARIÉS, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BADINTER, E. O Conflito: a mulher e a mãe. Rio de Janeiro: Record, 2011.
BADINTER, E. Um amor conquistado: o Mito do Amor Materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
BARBOSA, L. G. V. Malthus no Brasil.1911. 144f. Tese. (Cadeira de Hygiene) - Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1911.
BERQUÓ, E. (org) Sexo e vida: panorama da saúde reprodutiva no Brasil. Campinas: Unicamp, 2003.
BERQUÓ, E. Brasil: um caso exemplar. Anticoncepção e partos cirúrgicos à espera de uma ação exemplar. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 1, n. 2, p 366-381, 1993.
BOISSIÈRE, G. La Femme. Paris: Schleicher Frères & C. Éditeurs, 1905.
CESAR, S. V. Contribuições ao estudo da esterilidade da mulher. 1924. 251f. Tese. (Cadeira de Clínica Gynecológica)-Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1924.
CORRÊA, S.; ÁVILA, M.B. Direitos sexuais e reprodutivos: pauta global e percursos. IN: BERQUÓ, E. (org) Sexo e vida: panorama da saúde reprodutiva no Brasil. Campinas: Unicamp, 2003.
COSTA, J. de M. A restricção da natalidade.1913. 188f. Tese. (Cadeira de Hygiene)- Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1913.
COSTA, J. F. Ordem médica e a norma familiar. 4ed. Rio de Janeiro: Graal, 1979. FORNA, A. Mãe de todos os mitos: como a sociedade modela e reprime as mães. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
FOUCAULT, M. A política da saúde no século XVIII. In: FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2000.
FOUCAULT, M. História da sexualidade I. A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1999.
GONDIM JUNIOR, P. M. Da esterilidade da mulher e seu tratamento.1911. 76f. Tese.( Cadeira de Clínica Obstetrica e Gynecologica)- Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1911.
MARTINS, A.P.V A medicina da mulher: visões do corpo feminino na constituição da obstetrícia e da ginecologia do século XIX 2000. 311f. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia de Ciências Humanas, UNICAMP, Campinas, 2000.
MARTINS, A.P.V. Dar a Luz. Experiências da maternidade na transição do parto doméstico para o hospitalar. Relatório de pós-doutorado. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, 2004.
MATOS, M. I. Em nome do engrandecimento da nação: representações de gênero no discurso médico- São Paulo 1890-1930. Diálogos, Maringá, v 4, n. 4, p. 77-92, 2000.
MOULIN, A. M. O corpo diante da medicina. In: COURTINE, J; CORBIN,A. História do Corpo. Petrópolis: Vozes, 2008.
RAGO, M. Dizer sim a existência. In RAGO, M. (org) Para uma vida não fascista. Autentica, 2009. ROHDEN, F. A arte de enganar a natureza. Contracepção, aborto e infanticídio no início do século XX. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
ROHDEN, F. Uma ciência da diferença: sexo e gênero na medicina da mulher. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001.
SCAVONE, L. A maternidade e o feminismo: diálogos com as Ciência Sociais. Cadernos Pagu, São Paulo, s/v, n 16, p.137-150, 2001.
SCHWENGBER, M.S.V. Distinções e articulações entre corpos femininos e corpos grávidos na Pais e Filhos. História: questões e debates, Curitiba, v 47, n 2, p. 123-138, 2007.
SCHWENGBER, M.S.V. Donas de Si? Educação de corpos grávidos no contexto a Pais e Filhos. 2006. 198f. Tese. (Doutorado em Educação)- Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
THERBORN, G. (org). Sexo e poder: a família no mundo 1900-2000. São Paulo: Contexto, 2006.
VÁZQUEZ. G.G.H. Imperfeições no papel. A infertilidade nas páginas da Revista Pais & Filhos. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 26, n 1, p. 1-14, 2018 b.
VÁZQUEZ. G.G.H. Vênus nos braços de mercúrio, bismuto e arsênio. Notas históricas sobre sífilis gestacional antes da penicilina. Sexualidad.Salud y Sociedad. Rio de Janeiro, v. 2, n. 28, p 226-245, 2018a.
VIEIRA, E. A medicalização do corpo feminino. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008.
VIEIRA, E. Políticas Públicas e contracepção no Brasil. IN: BERQUÓ,E. (org) Sexo e vida: panorama da saúde reprodutiva no Brasil. Campinas: Unicamp, 2003.
VILLELA, W.; ARILHA, M. Sexualidade, gênero e direitos sexuais e reprodutivos. In: BERQUÓ, E. (org) Sexo e vida: panorama da saúde reprodutiva no Brasil. Campinas: Unicamp, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Tempos Históricos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.