Mobilidade do capital e imigração entre Brasil e Angola: dinâmicas territoriais no Sul global no início do século XXI
DOI:
https://doi.org/10.36449/rth.v24i1.24935Palavras-chave:
Imigração, Sul global, Angola, Brasil, CriseResumo
Este artigo trata das dinâmicas territoriais entre Brasil e Angola produzidas no contexto da ascensão e estouro da bolha financeira das commodities durante as primeiras duas décadas dos anos 2000. Apresentamos as dinâmicas territoriais entre Brasil e Angola através dos circuitos de mobilidade do trabalho e de capitais entre os dois países a partir da emergência de um novo arranjo geoeconômico e geopolítico no Sul global, por meio de uma pesquisa bibliográfica e da realização de entrevistas. No âmbito da mobilidade dos capitais apresentamos a exportação de serviços brasileiros em empreiteiras do setor de construção civil, com centralidade para as operações da Odebrecht, responsável por um conjunto considerável de grandes obras em Luanda e no interior de Angola. Para apresentar as dinâmicas da mobilidade do trabalho descrevemos as trajetórias de imigrantes angolanos submetidos ao Estatuto do Refugiado no Brasil, considerando as suas condições jurídicas e laborais. Como resultado, apresentamos um mapeamento das principais ações de modernização territorial promovida pela Odebrecht em território angolano e uma caracterização qualitativa da situação do imigrante angolano no Brasil contemporâneo. Consecutivamente, propomos um entendimento das dinâmicas territoriais contemporâneas entre Brasil e Angola como parte de processo prenhe de contradições socioespaciais e econômicas, cujo desenlace se insere na dinâmica de crise do capitalismo financeiro contemporâneo.
Referências
ACNUR. Cessação para refugiados angolanos e liberianos pode alterar perfil do refúgio no Brasil. Disponível em https://www.acnur.org/portugues/2012/07/03/cessacao-para-refugiados-angolanos-e-liberianos-pode-alterar-perfil-do-refugio-no-brasil/ acesso em 1 de novembro de 2019. (2012).
AGUALUSA, José Eduardo. Guerra e Paz em Angola. Comunicação apresentada na Festa Internacional de la Literatura de Barcelona, KOSMOPOLIS. 2004
ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes. Companhia das Letras, São Paulo, 2000.
ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural. Pólen Livros, São Paulo, 2019.
ANDRADE, Jose & MARCOLINI, Adriana. A política brasileira de proteção e de reassentamento de refugiados – breves comentários sobre suas principais características. Rev. bras. polít. int. vol.45 no.1 Brasília Jan./Jun. 2002
AYDOS, M. R. Migração forçada: uma abordagem conceitual a partir da imigração de angolanos para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil (1970-2006). 2010. Dissertação (Mestrado em Demografia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2010.
BAENINGER, Rosana et al (org). Migrações sul sul. NEPO/INICAMP, Campinas, 2018.
BOMTEMPO, Denise. Migração internacional, economia urbana e territorialidades. Bol.Goia. Geogr. 2019, v. 39. (2019)
CAMEX. Câmara Brasileira de Comércio Exterior. Comércio exterior vis: países parceiros.
CAPAI, E.; VIANA, N. Desconstruindo Luanda Sul. Agência Pública, 07 mar. 2016. Disponível em: <http://apublica.org/2016/03/desconstruindo-luanda-sul/>. Acesso em 1 de novembro de 2019 (2016).
CAVALCANTI, L; OLIVEIRA, T; MACÊDO, M; PEREDA, L. Resumo Executivo. Imigração e Refúgio no Brasil. A inserção do imigrante, solicitante de refúgio e refugiado no mercado de trabalho formal. Observatório das Migrações Internacionais; Ministério da Justiça e Segurança pública / Conselho Nacional de Imigração e Cordenação Geral de Imigração Laboral. Brasília, DF: OBMigra 2019.
CONJUR. Acordo de R$ 30 milhões encerra ação contra Odebrecht por trabalho degradante. Disponível em https://www.conjur.com.br/2017-mar-17/odebrecht-paga-30-milhoes-encerra-acao-trabalho-escravo Acesso em 1 de novembro de 2019. (2017) FRANCISCO, João Manuel Saveia Daniel. Internacionalização para um Mercado Culturalmente Próximo: a Odebrecht em Angola. ANPAD, Maringá, 2002.
Disponível em http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/comex-vis/frame-pais Acesso em 7 de novembro de 2010.
GARCIA, Ana S. Políticas públicas e interesses privados: a internacionalização de empresas brasileiras e a atuação internacional do governo Lula.. In: 3° ENCONTRO NACIONAL ABRI 2001, 3., 2011, São Paulo. Assosciação Brasileira de Relações Internacionais Instituto de Relações Internacionais - USP, (2011)
GOES, Fernanda Lira. O banco é branco, o dinheiro é negro: geopolítica brasileira do financiamento do BNDES a Odebrecht em Angola. 2016. 116 f., il. Dissertação (Mestrado em Geografia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
HARVEY, David. O novo imperialismo. Editora Loyola, São Paulo, 2005.
HEIDEMANN, Dieter. Os migrantes e a crise da sociedade do trabalho. In Migrações: discriminações e alternativas. São Paulo, Paulinas, 2004.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desemprego fica estável, mas população subutilizada é a maior desde 2012 Disponível em https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/24909-desemprego-fica-estavel-mas-populacao-subutilizada-e-a-maior-desde-2012 Acesso em 1 de novembro de 2019 (2019).
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ponte sobre o Atlântico – Brasil e África Subsaariana – Parceria Sul -Sul para o crescimento. IPEA, Brasília, 2011
KURZ, Robert. A ilusão do boom das materias-primas. Neues Deutschland, 18.03.2005. Disponível em www.obeco-online.org/rkurz191.htm Acesso em 1 de novembro de 2019 (2005).
LUKOMBO, J. B. Coimbra: desemprego e crise social em Luanda. S.l., 2004.
MARANDOLA JR., Eduardo & DAL GALLO, Priscila Marchiori. Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração. Rev. bras. estud. popul.. 2010, vol.27, n.2, pp.407-424. 2010.
NOVAIS, Fernando. Brasil e Portugal na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). São Paulo, Hucitec, 2011
NUNES, Leandra Isamara Ferreira. A importância da queda do preço do petróleo na crise económica em Angola. Mestrado em Ciências Empresariais. Lisboa, 2018.
ODEBRECHT. Relatório anual de 2014. Odebrecht Angola, 2015.
OIM. Organização Internacional para as Migrações. Global migration indicators. Nações Unidas, Berlim, 2018.
OLIVEIRA, T. B. O esquecimento do passado por refugiados africanos. 2011. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2011.
PATARRA, N.L. (Coord.). Emigração e imigração internacionais no Brasil contemporâneo. São Paulo, SP: FNUAP, 1995.
PAULANI, Leda Maria. A crise do regime de acumulação com dominância da valorização financeira e a situação do Brasil. Estudos Avançados 23 (66). São Paulo, 2009.
PAULANI, Leda Maria. Capitalismo financeiro, estado de emergência econômico e hegemonia às avessas no Brasil. In: OLIVEIRA, Francisco; BRAGA, Ruy; RIZEK, Cibele. Hegemonia às avessas. São Paulo: Boitempo, 2010.
PETRUS, R. Emigrar de Angola e imigrar no Brasil. 2001. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2001.
PITTA, Fábio. TOLEDO, Carlo & BOECHAT, Cássio. Land grabbing e crise do capital: possíveis intersecções dos debates. GEOgraphia, Niterói, vol. 19, n. 40, 2017: mai/ago
PRADO Jr, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 2004.
PRATES, Daniela & MARÇAL, Emerson. O Papel do Ciclo de Preços das Commodities no Desempenho Recente das Exportações Brasileiras. Revista Análise Econômica, Porto Alegre, ano 26, n. 49, p. 163-191, março de 2008.
PRATES. Daniela. A alta recente dos preços das commodities. Revista de Economia Política 27 (3), 2007.
REPÓRTER BRASIL. Na construção civil, dinheiro público financia obras com trabalho escravo. Disponível em https://reporterbrasil.org.br/2015/10/na-construcao-civil-dinheiro-publico-financia-obras-com-trabalho-escravo/ Acesso em 1 de novembro de 2019 (2015).
RIBEIRO, J. Migração internacional Brasil África: Angola em destaque. In:
ROSA, Jeferson Argolo. A emigração angolana para Brasil: imigrantes, estudantes e refugiados. Aedos, Porto Alegre, v. 10, n. 23, p. 320-336, Dez. 2018.
SANTOS, Milton. O retorno do território. SOUZA,M.; SILVEIRA, M. Território: globalização e fragmentação. São Paulo, Hucitec, 1994.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
SARAIVA, José Flavio Sombra. A África no século XXI. Um ensaio acadêmico. Brasília, Funag, 2015.
SASSEN, S. The mobility of labor and capital:a study in international investment and labor flow. Cambridge: Cambridge University Press, 1988.
SEABRA, Odette Carvalho. Os meandros dos rios nos meandros do poder. Valorização dos Rios e das Várzeas na cidade de de São Paulo. Tese de Doutorado (Geografia Humana) FFLCH, USP, São Paulo, 1987.
SEBASTIÃO. José Mahinga. Aspectos do Mercado de Trabalho em Angola: O período colonial, após a independência e o período após o fim da guerra civil década de 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências Econômicas) Unesp – Araraquara, 2012.
SILVA, Allan Rodrigo de Campos. Imigrantes africanos solicitantes de refúgio no Brasil: cooperação para o desenvolvimento e humanitarismo no Atlântico Sul. Tese de doutorado (Geografia Humana). FFLCH, USP, São Paulo. 2018.
SILVA, Allan Rodrigo de Campos. Imigrantes afro-islâmicos na indústria avícola halal. Dissertação de mestrado (Geografia Humana). FFLCH, USP, São Paulo. 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Tempos Históricos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.