A narrativa como resistência em Rubem Fonseca: uma leitura do conto “os pobres, os ricos, os pretos e a barriga”
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v14i3.25524Palavras-chave:
Periferia, espaço urbano, estética brutalista, literatura latino-americana.Resumo
A partir do conto “Os pobres, os ricos, os pretos e a barriga”, inserido no livro Carne crua (2018), do escritor brasileiro Rubem Fonseca, o presente trabalho investiga as estratégias literárias do narrador e seus modos de enfretamento da realidade social passíveis de serem situados sob o signo da resistência. A discussão da problemática toma preceitos de teóricos como Sarmento-Pantoja (2014) e Bosi (2002) em relação ao conceito de resistência; Pellegrini (2001) e Jameson (1992; 1985) no que concerne à contextualização da pós-modernidade; e críticos literários como Lukács (2000) e Goldmann (1967). Além disso, utilizam-se noções históricas sobre o banditismo social de Hobsbawm (1976). Ambientada na América Latina, a escrita fonsequiana escancara realidades silenciadas − como a periferia brasileira. Por meio da estética brutalista, Rubem Fonseca utiliza do estilo cinematográfico ao construir frases entrecortadas e impactantes. A proposta deste estudo é buscar elementos temáticos e estéticos perceptíveis no interior da narrativa no que se referem à resistência do narrador. O conto, relatado em primeira pessoa, configura como narrador autodiegético um personagem que simboliza a marginalização da sociedade, a favelização da periferia e a violência diária do espaço urbano. O protagonista, ao subsistir diante das adversidades sociais, representa resistência política frente às forças opressoras de uma ideologia dominante.Downloads
Referências
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