Leitura e produção do livro de literatura infantil: do analógico ao digital

Autores

  • Paulo Henrique Machado Universidade Tecnológica Federal do Paraná
  • Maria de Lourdes Rossi Remenche Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Agências de fomento

Palavras-chave:

Tecnologia, Multiletramentos, Literatura infantil, Livros digitais.

Resumo

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) não só possibilitam a exploração de novas formas de produzir conhecimento e de utilizar a linguagem, como também produzem mudanças nas formas de ler e escrever. Nesse cenário, verifica-se que o livro impresso, que por tempos se manteve como o principal suporte dos textos verbais, visuais e verbo-visuais, enfrenta a concorrência de formatos digitais que favorecem a incorporação de múltiplas semioses. Considerando esse contexto, este artigo tem como objetivo discutir como os avanços tecnológicos têm afetado os modos de produção e de leitura textual do livro de literatura infantil. O arcabouço teórico se apoia nos estudos de tecnologia (CUPANI, 2004; BAUMGARTEN, 2006; LEMOS, 2015), da linguagem (MARCUSCHI, XAVIER, 2005; HJELMSLEV, 2006), do livro (CHARTIER, 1998; FLUSSER, 2010; ECO; CARRIÈRE, 2010), do livro de literatura infantil (LINS, 2004; HUNT, 2010; AL-YAQOUT; NIKOLAJEVA, 2015), dos multiletramentos (COPE; KALANTZIS, 2000, 2009; ROJO, 2012), entre outros. As reflexões realizadas desvelam que a diferença entre os livros analógicos e digitais não está apenas no suporte e no formato, mas também nas interações estabelecidas, nas práticas de leitura suscitadas, e nas potencialidades das semioses empregadas no percurso de produção de sentido. A análise empreendida evidencia que os livros literários infantis, em ambiente digital, acionam modos diferenciados de ler e sobrelevam a necessidade de maior interatividade por parte do leitor.

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Biografia do Autor

Paulo Henrique Machado, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Mestrando em Estudos de Linguagens pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR-Curitiba), Especialista em Contação de Histórias e Literatura Infantil e Juvenil (Faculdade de Ampére/2014) e Graduado em Gestão da Informação (UFPR/2006). É gestor da informação na Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. E-mail: phenrique14@yahoo.com.br

Maria de Lourdes Rossi Remenche, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Doutora em Linguística pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de São Paulo (2009), Mestre em Estudos da Linguagem (UEL/2003), Especialista em Língua Portuguesa (UEL/1998) e Graduada em Letras Vernáculas/Anglo (UEL). A pesquisadora é professora Adjunta da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR-Curitiba) e Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Linguística Aplicada (GRUPLA). E-mail: mremenche@utfpr.edu.br

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Publicado

07-12-2017

Como Citar

MACHADO, P. H.; REMENCHE, M. de L. R. Leitura e produção do livro de literatura infantil: do analógico ao digital. Travessias, Cascavel, v. 11, n. 3, p. e18073, 2017. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/18073. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

[DT] LITERATURA E MULTIMEIOS