A CHANSON DE ROLAND NA GÊNESE DO GRANDE SERTÃO: UM EXERCÍCIO DIALÓGICO
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar um estudo comparado entre o
romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, e a Chanson de Roland,obra anônima
da tradição medieval francesa. Procuro demonstrar como o processo de criação da
obra rosiana, que repousa sobre a linguagem, a memória e um imaginário próprio do
território sertanejo, remete o leitor à escrita desta canção de gesta que remonta ao
século XI; mais precisamente, procuro mostrar como João Guimarães Rosa, sobretudo
em algumas passagens épicas da sua narrativa, procede à apropriação textual da Chanson,
como se dela fizesse uma paráfrase no nível mesmo da enunciação literária. Assim
procedendo, seu processo de criação sustenta-se na intertextualidade, caracterizando-
se como um exercício dialógico que extrapola o caráter documental da narrativa
regionalista para afirmar sua ficcionalidade. Ressalvo, ainda,que este procedimento
não se caracteriza como excentricidade ou extravagância, na medida em que o imaginário
medieval, na intersecção dos universos culturais, encontra-se vivo e presente em nossa
tradição sertaneja.Trata-se, pois, de um procedimento antropofágico.
romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, e a Chanson de Roland,obra anônima
da tradição medieval francesa. Procuro demonstrar como o processo de criação da
obra rosiana, que repousa sobre a linguagem, a memória e um imaginário próprio do
território sertanejo, remete o leitor à escrita desta canção de gesta que remonta ao
século XI; mais precisamente, procuro mostrar como João Guimarães Rosa, sobretudo
em algumas passagens épicas da sua narrativa, procede à apropriação textual da Chanson,
como se dela fizesse uma paráfrase no nível mesmo da enunciação literária. Assim
procedendo, seu processo de criação sustenta-se na intertextualidade, caracterizando-
se como um exercício dialógico que extrapola o caráter documental da narrativa
regionalista para afirmar sua ficcionalidade. Ressalvo, ainda,que este procedimento
não se caracteriza como excentricidade ou extravagância, na medida em que o imaginário
medieval, na intersecção dos universos culturais, encontra-se vivo e presente em nossa
tradição sertaneja.Trata-se, pois, de um procedimento antropofágico.
Palavras-chave
criação literária; apropriação; intertextualidade; ficção;
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.48075/rt.v10i19.9766
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