A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PROFESSOR DE LÍNGUAS NA MODERNIDADE TARDIA

Resumo

Este artigo tem como objetivo propor a discussão do processo de construção da identidade do professor de línguas numa perspectiva discursiva, trazendo, como dispositivo analítico, a materialidade do discurso produzido por professores de língua em formação e, como dispositivo teórico, além de noções teóricas da Análise do Discurso, tais como sujeito, língua e discurso, as trazidas pela Psicanálise, tais como as ordens do imaginário, simbólico e real, e a noção de desejo e necessidade. Da Sociologia, trazemos o conceito de identidade como processo em construção; de Foucault, a noção de agenciamento e de tecnologias do eu, mecanismos que participam dos modos de subjetivação. As formas de constituição do sujeito condicionadas pela História e pelas relações de poder que se articulam entre sujeitos/objetos/técnicas emergem nos dizeres dos alunos-professores, remetendo ao que lhes identifica como grupo e, ao mesmo tempo, ao que lhes diferencia como sujeito singular, num movimento entre o mesmo e o diferente. Utilizaremos como corpus recortes discursivos de entrevistas realizadas com alunos-professores de língua portuguesa e estrangeira de um curso superior de Licenciatura dupla (Inglês/Português), buscando aspectos constitutivos de sua identidade, através da seleção de algumas representações imaginárias que surgem em seu dizer sobre a língua estrangeira que aprendem e ensinam. Esses momentos de identificação, que remetem a processos de construção contínuos e em constante mutação, compõem as identidades na atualidade, período nomeado por alguns autores como pós-modernidade ou como modernidade tardia ou líquida, sendo que este último remete a fluidez dos processos identificatórios nos dias de hoje.