"Lucien Fleurier é um grande aspargo"
o olhar de outrem e a intersubjetividade em Sartre
DOI:
https://doi.org/10.48075/ra.v12i3.33051Palabras clave:
Intersubjetividade, Olhar de outrem, Lucien FleurierResumen
Na fenomenologia, o problema da intersubjetividade é apresentado na quinta meditação da obra Meditações cartesianas (1931), de Edmund Husserl. Para o filósofo alemão, perceber os outros é reconhecê-los. É pela semelhança do meu comportamento corporal e do comportamento corporal dos outros que eu me reconheço nos outros. Só reconheço o outro, portanto, por analogia. Neste trabalho, buscaremos explicitar a solução dada por Jean-Paul Sartre em sua ontofenomenologia desenvolvida em O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica (1943) ao problema da intersubjetividade, colocado por ele no plano ontológico, no intuito de investigar a existência de um modo de ser do outro, um ser-para-outrem. Para tal, começaremos por afirmar a vergonha como o fenômeno que torna explícito o ser do outro, uma vez que ter vergonha implica a existência de outrem perante o qual me envergonho. Através dela, o ser da minha consciência torna-se objeto do olhar de outrem. Consideramos que, assim, Sartre revoluciona o problema da intersubjetividade do ponto de vista relacional, posto que o outro surge como alguém que me objetiva, sem que eu possa objetivar o seu olhar sobre mim. Desse modo, Sartre avança em relação a Husserl no que diz respeito à resolução da intersubjetividade por analogia, pois o fenomenólogo francês passa a considerar o conhecimento do outro em sua individualidade, não através do Ego individual. Para compreender melhor o lugar do olhar na dimensão da intersubjetividade para Sartre, utilizaremos uma passagem do conto “A infância de um chefe”, presente na coletânea O muro (1939). Acompanharemos o momento em que o nosso protagonista, depois de ler atrás da porta do banheiro a frase “Lucien Fleurier é um grande aspargo”, passa a reconhecer-se como sendo magro e alto. Nesse momento, podemos apreciar como o olhar de outrem constitui a maneira que Lucien Fleurier se conhece e se reconhece a partir de como seus colegas da escola lhe objetificam.
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