Notas sobre a noção de transcendência em Heidegger:
um modo de pensar a questão pelo sentido de ser
DOI:
https://doi.org/10.48075/rd.v1i2.13468Resumo
A questão condutora de Ser e Tempo (1927) é a questão pelo sentido de ser. Nessa obra, Heidegger pensa demoradamente esse ente que nós mesmos somos – Dasein (ser-o-aí) – o âmbito da questão pelo sentido de ser, o ente que compreende ser, o ente de caráter ôntico-ontológico, isto é, o ente que abre mundo e se encontra “no mundo”, mas que, mesmo se relacionando com os entes, estando meio a eles, é marcado por uma diferença constitutiva em relação aos entes simplesmente dados. Dois anos mais tarde, com a publicação da conferência Sobre a Essência do Fundamento (1929), essa mesma temática reaparece, mas sob outro aspecto, digamos assim. Ali, o filósofo alemão mostra que a questão pelo fundamento (pelo ser dos entes) só pode ser colocada “adequadamente” se tiver como âmbito a transcendência. Pensar um modo “adequado” significa pensar a questão visando a diferença ontológica (diferença entre ser e ente) em vez da presentificação do fundamento. Apesar destes temas (fundamento e transcendência) terem sido tratados, de algum modo, na obra de 1927, aqui, na Conferência de 1929, parecem encontrar mais “vigor”. Nesta, transcendência é vista como a constituição fundamental do ser-aí. É o modo por que podemos entender “mundo”, porque ser transcendência, em sentido heideggeriano, é ser ser-no-mundo. Isto significa, grosso modo, que ser-aí, o ente que lida com o sentido de ser, ultrapassa (transcende) compreensivamente todos os entes sem se perder em meio a eles. Por poder ultrapassar e se manter um mesmo, isto é, ser mesmidade e permitir alteridade, mostra-se, entre outras coisas, como “o” mundo, enquanto lugar para todos os entes e como o espaço para a questão pelo fundamento – um espaço que não busca a presentificação do fundamento, mas que permanece a e na pura diferença (ontológica).Downloads
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