CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO REVISTA DE LITERATURA, HISTÓRIA E MEMÓRIA V. 21, N. 38, 2025

10-04-2025

CHAMADA PARA PUBLICAÇÕES

 

A Revista de Literatura, História e Memória, ISSN 1983-1498, Qualis B1, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), de periodicidade semestral, está com chamada aberta para o recebimento de artigos originais e inéditos para integralizarem sua próxima edição (v. 21, n. 38, 2025).

Em cada uma de suas edições a revista compõe-se de duas partes: um DOSSIÊ com temática definida, além de outra SEÇÃO, em fluxo contínuo, intitulada “Pesquisa em Letras no contexto Latino-americano e Literatura, Ensino e Cultura”, que agrega artigos diversos oriundos de pesquisa e estudos na área de Literatura.

 

Dossiê: “Quem  tá falando?” representações ficcionais dos afrodescendentes na literatura brasileira

           

 A temática acerca do afrodescendente no Brasil, e sua representação na literatura, em sentido lato, é um assunto sobre o qual há muito a discutir, pesquisar e revisar, considerando, no momento hodierno, o emergir das expressões literárias, no que concerne à voz dos excluídos. O Brasil traz as marcas de três diferentes etnias: o índio, o branco e o negro, e é notório que a academia, na acepção do cânone ocidental, denotou propensão axiomática à Europa.

Nota-se uma perspectiva multifacetada no que concerne o/a sujeito/a negro/a: se objeto de escrita por um/a escritor/a branco/a, durante o período da escravidão, portanto, escravizado, ou depois de liberto, pós 1888. Por outro prisma, pode tratar-se de escritor/a negro/a que aborda o tema em qualquer momento, antes ou depois de Lei Áurea; isto em prosa ou verso. O ponto nodal, citando Zilá Bernd, seria tratar-se de uma literatura sobre o negro ou do negro, antes ou depois do fim da escravidão no Brasil, percebendo-se que, em grande medida, o racismo tornou-se o ponto nodal na relação entre opressor e oprimido.

Atualmente, no século XXI, as expressões das minorias se fazem notar e está em voga a história vista de baixo, dos marginais, do revisionismo, entretanto, o racismo está presente no cotidiano brasileiro nos mais distintos graus; e a ascensão do discurso de extrema direita, da superioridade branca, nunca antes na história desse país, se fez  tão presente.

Claro está que nesse entendimento, e tendo como mote a representação dos afrodescendentes na literatura brasileira, há aí um mosaico de cenas, situações e bizarrices que beiram o infinito: da feiura à bestialidade. Seja como for, não obstante a inferioridade imputada aos negros, antes, durante e depois da escravidão no Brasil, eles povoaram o território brasileiro.

Estudiosos sobre o tema apontam para uma visão plural dessa etnia no país, vistos como o outro, avultam discursos em prol, outros contra, bem como, eventualmente, vitimismos. Grassam na literatura brasileira preconceitos e estereótipos, apontando para um povo escravizado, que não se desvanece com o advento da libertação. Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto, a presença do homem negro na produção literária nacional, mesmo depois de liberto, continua sendo pelo clichê, uma versão sobre, que perdurará até o limiar deste século. Note-se que não se trata aqui da exceção, mas da regra.

Se o negro, enquanto escravizado, fora uma mercadoria do senhor, não tendo suscitado maior curiosidade por parte dos literatos, depois de liberto começou-se a falar mais e de forma diferente sobre ele. Fora tratado como incapaz, indolente e sestroso; assomando um povo marcado pelo preconceito.

Desse modo, o que se pretende apresentar aqui são algumas representações literárias, discursos do e sobre o negro na poesia e na prosa, de escritores brancos e negros se debruçando sobre a etnia em momentos estanques: durante a escravidão e após a Lei Áurea.

Ao difundir a produção acerca dos grupos tidos como minorias, propõe-se, neste dossiê, nesta chamada para publicação, abrir espaço para trabalhos que lidem com a análise, discussão temática sobre as expressões e representações discursivas das literaturas do/a afrodescendente, da literatura negra masculina e feminina, tratada em prosa e verso; que denote preconceito ou pertencimento, que traga à baila o universo negro no Brasil. Para tanto, teóricos como Bernd, Barreto, Bastide, Coutinho, Cuti, Dalcastagné, Dionísio, Eliana A Cruz, Esteves, Gildeci, Fanon, Faustino, Ianni, Itamar, Mignolo, Moura, Munanga, Sharpe, Sodré, Tenório, Weinhardt dentre muitos são evocados.

 

Organização: Gildeci de Oliveira Leite (UNEB/CNPq) e Wagner de Souza (UNIOESTE)

Submissões: até 31 de julho de 2025.