JOANA E A MIMESE DO REAL NA PRIMEIRA PARTE DE PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM
DOI:
https://doi.org/10.48075/rlhm.v13i21.16664Palavras-chave:
Perto do Coração Selvagem. Mimese. Linguagem.Resumo
RESUMO: O presente artigo se propõe a interpretar a primeira parte Perto do Coração Selvagem, romance inicial de Clarice Lispector. A obra narra acontecimentos da vida da personagem Joana, da infância à adolescência. Nos fatos narrados, nota-se que Joana empreende uma busca pelo modo como a realidade pode ser apreendida pela linguagem e pelo pensamento em sua trajetória de vida, e em como isso interfere em suas relações interpessoais com o pai, os tios, o marido Otávio, a amante do esposo, Lídia, e seu amante, um personagem inominado. O romance é composto por duas partes, sendo que a primeira parte apresenta algumas passagens da infância e adolescência de Joana. Nessas duas fases da vida da personagem, foi possível perceber dois modos distintos de relacionar a realidade à linguagem: o primeiro, relacionado à infância, considera essa relação de modo radicalmente mimético, em que Joana não se considera fora da natureza, porém parte dela, enquanto no segundo, o qual diz respeito à adolescência, a linguagem passa a tentar analisar a realidade, uma vez que já existe uma separação entre sujeito (Joana) e objeto (natureza). Foi possível relacionar o modo como a questão da mimese é apresentada no romance com a visão moderna de Adorno, Benjamin, Herder, Gebauer e Wulf acerca do mimético, assim como a aristotélica, segundo as leituras de Dias e Helena. Realizou-se diálogo com outros trabalhos acerca da obra de Clarice Lispector. O método hermenêutico foi utilizado na pesquisa.
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