O Jogo estético em Teresa Cárdenas
reflexões sobre o romance cubano Cartas para minha mãe
DOI:
https://doi.org/10.48075/rlhm.v20i36.33579Resumo
O presente artigo discute a questão da estética de Teresa Cárdenas, em seu romance epistolar Cartas para a minha mãe (2010). À revelia do pensamento colonial, o romance é narrado sob o olhar de uma criança negra que escreve cartas para a sua mãe morta. Nele é discutido questões sobre o luto, o abandono familiar, bem como entonação feminina a partir da voz da personagem principal para produzir vida, mesmo com uma infância cooptada pela estrutura colonial cubana. Pensando nisso, objetiva-se analisar o modo como a autora utiliza da voz negra e infantil, em um jogo estético, para denunciar o local da mulher negra, bem como produzir vida a partir de vestígios de uma infância. Assim, buscamos apoio no filósofo francês Jacques Rancière (2005) que entende a estética como subterfugio de experimento do sensível de forma autônoma. Desta maneira, a estética é uma forma de emancipação da arte, pois sua intenção é desestabilizar as hierarquias políticas e sociais. Aqui, as artes não têm obrigações, nem regras preestabelecidas, elas seguem sua autenticidade. De forma similar, na literatura de Cárdenas (2010), o jogo estético se dá pela maneira como a força e resistência negra é criada para enunciar vozes subalternizadas de mulheres cubanas. Diante disso, no primeiro momento este estudo discute a questão da estética para as artes e a construção da estética de Cárdenas. Por conseguinte, discutimos o que diz a criança do romance aqui em análise e sua forma de ver e pensar o mundo na perspectiva negra infantil.
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