As linhas de Torto arado

perspectivas Interseccionais na narrativa de Itamar Vieira Júnior

Resumo

Torto arado (2019), do autor Itamar Rangel Vieira Júnior – doutor em Estudos Étnicos e Africanos, é um romance premiado, que explora temas como liberdade, servidão, trabalho e resistência em uma comunidade Quilombola no interior da Bahia, a fazenda Água Negra. Mergulhando na trajetória das duas protagonistas, as irmãs Bibiana e Belonísia, o autor traz uma reflexão e um lembrete, de que sujeitos, homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, carregam consigo as marcas históricas de um passado brutal que ecoam nas estruturas sociais contemporâneas. O artigo discute a representação da mulher no romance, destacando a perspectiva interseccional e a resistência das personagens femininas, além de abordar a relação do livro com o regionalismo brasileiro, explorando as transformações do gênero literário e sua relevância para as discussões contemporâneas. A análise se estende à história social do trabalho, evidenciando as experiências e resistências dos trabalhadores quilombolas na luta por justiça e liberdade, em meio às relações de servidão e opressão ainda presentes na sociedade brasileira. Dessa forma, é imperativo reconhecer ainda hoje a falta de políticas públicas que assegurem a justiça e a verdadeira liberdade dos povos afrodescendentes e indígenas, evidenciando a necessidade urgente de ações que promovam a equidade e a preservação da diversidade cultural. Mesmo existindo diversas pesquisas sobre o livro, destacamos que há ainda muito a se debater sobre, sendo possível ampliar ainda mais a compreensão das questões sociais e culturais apresentadas pelo autor.