O ônus da civilização: histeria e civilização nas teses médicas brasileiras (1838 – 1890)
DOI:
https://doi.org/10.36449/rth.v25i1.24941Palavras-chave:
Histeria; Medicina; Processo civilizatório; Brasil oitocentista.Resumo
O desembarque da corte portuguesa em 1808 iniciou um intenso processo de transformações no Rio de Janeiro. Como sede da monarquia, a urbe recebeu investimentos visando à modernização urbana e à europeização dos costumes locais. Segundo a medicina da época, no entanto, esse processo denominado no período de “civilização” poderia trazer aos habitantes, em especial às mulheres, consequências nefastas, dentre elas a histeria. Assim, o estudo visa a mapear o que escreveram os médicos da época a respeito da histeria e de sua relação com a civilização. Para tanto, analisar-se-ão as teses produzidas nas faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, únicos centros de produção intelectual do gênero no país, entre 1838, ano de defesa da primeira tese versando sobre a histeria, e 1890, quando é publicada a primeira tese a respeito da doença em homens, alterando, ainda que timidamente, o padrão de teses sobre o tema.
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