Nova publicação! Vozes da África

03-08-2023

Lárò! À. Salve, o Senhor da Comunicação!

Salve, leitoras e leitores da Revista Trama!


            Epistemologias da África e suas diásporas em uma jornada pelo espaço da linguagem, da arte, da literatura e da tradução, trata-se de uma edição especial. Neste volume, encontram-se textos que ecoam, irremediavelmente, muitas e diferentes vozes: da origem das Linguagens, da Filosofia, da Literatura, da Astronomia, do Direito, da Medicina, das Matemáticas, da Física (absoluta ou quântica, saber ancestral), dos campos e das cidades.

            Tem-se, nos textos, representado o grito de mais de 10 milhões de seres humanos que foram sequestrados, torturados, estuprados, desumanizados e escravizados por mais de 400 anos em nome do avanço de uma nova e arrogante ciência. Uma ciência que desprezou e negligenciou saberes fundamentais para a evolução humana; que não tendo dela se apropriado, a fragmentou (JAMES, 1954)[1] ao ponto de estarmos, hoje, tentando “adiar o fim do mundo” (KRENAK, 2019).[2]  

            Láròyè! Contudo, ainda estamos a tempo de desobstruir os canais de comunicação da chamada “racionalidade instrumental moderna”, que sustentou no ocidente o paradigma da universalidade do conhecimento científico, legitimando, assim, um único marco epistemológico supostamente passível de ser aplicado em todas as sociedades.

            Independentemente de suas singularidades culturais, históricas e linguísticas, agiu-se em nome de uma ideologia de emancipação local, fundada na “incontestável” experiência teórica produzida em uma pequena província cultural do mundo: a Europa (DUSSEL, 1993;[3] QUIJANO, 2003)[4]. A tempo, reitera-se, de evitar o colapso de ecossistemas pela compreensão de epistemes cuja base é a sustentabilidade, como a Ética Ubuntu dos povos bantu da África Negra.

            Láròyè! Sim, esta também é a TRAMA e o esforço de permitir que o atraso que representou e representa o etnocentrismo e o racismo para a humanidade, seja superado (Ki-ZERBO, 2010)[5] porque a compreensão é a única garantia do progresso, do avanço moral e intelectual humano (MORIN, 2011)[6]. Láròyè!

 

[1] JAMES, G.M.,1954. O legado roubado. São Paulo: Ananse, 2022.

[2] KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

[3] DUSSEL, Enrique. 1492. O encobrimento do outro. A origem do mito da modernidade. Petrópolis (RJ): Vozes, 1993.

[4]QUIJANO, Anibal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (Comp.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciências sociales. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso, 2003.

[5]História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África / editado por Joseph Ki-Zerbo. – 2.ed. rev. – Brasília: UNESCO, 2010.

[6] MORIN, Edgar., Os sete saberes para à educação do futuro. Tradução Catarian Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2011.