A VISÃO TRANS-HISTÓRICA DE MIKHAIL BAKHTIN SOBRE A ESTÉTICA DO GROTESCO, EM A CULTURA POPULAR NA IDADE MÉDIA E NO RENASCIMENTO: O CONTEXTO DE FRANÇOIS RABELAIS, E O ESPÍRITO CARNAVALESCO DE SHAKESPEARE, EM SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v18i44.29449Palavras-chave:
Bakhtin, Cômico, Grotesco, Organicidade, ShakespeareResumo
Este estudo apresenta a concepção trans-histórica de Bakhtin no que diz respeito às visões oblíquas a que a estética do grotesco foi imposta, partindo do medievo até o Romantismo. Aqui, teço uma análise do elo universal e equânime entre o belo e o feio, o que acarreta a compreensão da gênese do espírito do carnaval e dos festejos populares proposta por Bakhtin em A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Uma vez que Bakhtin lança mão de Rabelais na aplicação de suas teorias, utilizo a célebre cena da comédia shakespeariana Sonho de uma noite de verão, em que ocorre o encontro amoroso entre a Rainha das Fadas, Titânia, e Bottom, já metamorfoseado em burro, a fim de perceber de que forma o modo de espírito carnavalesco reverberou no Renascimento e, mais precisamente, de que forma Shakespeare se apropriou do folclore popular, nesta comédia em particular, e lhe impôs sentidos. Para isso, retomo e analiso a celebração do Asno, festejo de cunho religioso/popular da Idade Média. Ao final, traço um paralelo entre vida e arte, mostrando que o estudo trans-histórico de Bakhtin acerca do realismo grotesco traz ao senso estético uma genuína libertação de imperativos morais.
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