Geovani Martins e a “Dialética da Marginalidade”: uma análise dos contos “Rolézim” e “Espiral”
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v14i2.24750Palavras-chave:
“Dialética da marginalidade”, violência, contos brasileiros, Geovani Martins.Resumo
O presente estudo tem por objetivo a análise dos contos “Rolézim” e “Espiral”, de Geovani Martins, publicados em seu livro de estreia, O sol na cabeça (2018), à luz da teoria da “dialética da marginalidade” desenvolvida pelo crítico e professor universitário João Cézar de Castro Rocha. Em diálogo com o ensaio “Dialética da malandragem” (1970), de Antonio Candido, a “dialética da marginalidade” propõe a “substituição” da conciliação entre indivíduos de classes sociais diferentes como medida de evitação do conflito inerente ao ensaio de Candido em nome do confronto, o que resulta na exploração e exposição metódica da violência, que passa a permear as referidas relações ao invés de seu ocultamento. Os contos apresentados por Geovani Martins modulam, de diferentes formas, os dilemas da desigualdade social brasileira, atravessada pela violência urbana contemporânea, assumindo e confirmando, com voz própria e lugar enunciativo conflitante, os impasses de uma “guerra simbólica” travada entre uma interpretação apologética e outra crítica da cultura brasileira atual. Este artigo produz, em adição, uma breve reflexão sobre o espaço de fala das camadas excluídas, bem como a visibilidade (ou falta dela) que a crítica literária e universitária oferecem a estes produtores de cultura nos dias atuais, finalizando com uma discussão sobre o possível status da literatura marginal nos próximos anos.
Downloads
Referências
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2014 [1853].
CANDIDO, Antonio. Dialética da malandragem. IN: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (8), 67-89, 1970. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i8p67-89. Acesso em: 12 dez. 2019.
DaMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
DaMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
FREIRE, Marcelino. Contos negreiros. Rio de Janeiro: Record, 2015.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2018 [1960].
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 2008 [1977].
MARTINS, Geovani. O sol na cabeça. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
NASCIMENTO, Érica Peçanha. “Literatura e periferia: Considerações a partir do contexto paulistano”. In: DALCASTAGNÈ, Regina; TENNINNA, Lucía (org.). Literatura e periferias. Porto Alegre: Zouk, 2019. p. 15-38.
RAMOS, Flávia Brocchetto, ARENDT, João Claudio. “No princípio fez-se a obra: o descomeço de Contos Gauchescos”. In: Caderno de Letras, Pelotas, v. 1, n. 9, p. 88-105, 2003.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Editora Record, 2019 [1938].
ROCHA, João César de Castro. “A guerra de relatos no Brasil contemporâneo. Ou: a ‘dialética da marginalidade’”. IN: Revista Letras, Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, n. 32, jun., 2007. p. 23-70. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/letras/article/view/11909. Acesso em: 12 dez. 2019.
SCHWARZ, Roberto. “Pressupostos, salvo engano, de ‘Dialética da malandragem’”. In: SCHWARZ, Roberto. Que horas são? Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 129-155.
TENNINNA, Lucía. “Saraus das periferias de Brasília: uma literatura fora do eixo”. In: DALCASTAGNÈ, Regina; TENNINNA, Lucía (org.). Literatura e periferias. Porto Alegre: Zouk, 2019. p. 81-113.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.