Autonomia e desenvolvimento: A ideia de “desenvolvimento” dos Munduruku do Planalto (Santarém/PA) em contraposição ao avanço do agronegócio
DOI:
https://doi.org/10.48075/amb.v5i2.31739Resumo
A Terra Indígena (TI) Munduruku Planalto localiza-se a 42 km da área urbana do município de Santarém – Pará, na região conhecida como “planalto santareno”. Lá, o processo de expansão/invasão do agronegócio com a monocultura de grãos (milho e soja) tem ocasionado diversos conflitos geoepistêmicos. Este trabalho tem como foco entender o processo de autodemarcação da TI Munduruku Planalto e trazer o debate sobre o que é o “desenvolvimento” para os moradores da aldeia Açaizal (a mais próxima da rodovia Curuá-Una, principal acesso ao território) e a contradição do discurso desenvolvimentista do agronegócio em Santarém. A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa com a realização de dois trabalhos de campo: o primeiro em dezembro de 2019 nas aldeias Ipaupixuna e Açaizal; o segundo em fevereiro de 2020 na aldeia Açaizal. Os dados foram obtidos através de registros fotográficos e aplicação de entrevistas abertas e semiestruturadas com os caciques e lideranças das aldeias mencionadas. Para o diálogo da pesquisa, utilizamos autores da Geografia e de outras áreas do conhecimento. Com a expansão/invasão do agronegócio no município de Santarém, os povos originários/tradicionais ficam vulneráveis dada a invisibilidade e negligência do Estado. A pesquisa nos revela a autodemarcação da TI Munduruku Planalto como manifestação de r-existência e ganhos de autonomia, a influência das organizações indígenas para lutar na esfera política e, principalmente, o entendimento que desenvolvimento também é viver dentro do território. Estudos como este revelam o preocupante desmonte dos direitos e o desrespeito à vida dos povos tradicionais/originários da Amazônia; já as r-existências desses povos nos permitem enxergar através do olhar geográfico as diferentes visões de mundo que disputam o mesmo espaço.
Palavras-chave: Munduruku; Autodemarcação; Agronegócio; Autonomia; R-existência; Desenvolvimento.
Autonomy and development: The notion of “development” of the Plateau Munduruku (Santarém/PA) in contrast to the advance of agribusiness
Abstract
The Indigenous Land (IL) of the Plateau Munduruku (Munduruku do Planalto) territory is located 42 km (about 26.1 mi) from the city area of Santarém (state of Pará, Brazil), in the region identified as the “Santareno Plateau”. In that region, the agribusiness expansion/invasion process, alongside the monoculture of grains (corn and soy), has generated considerable geo-epistemic conflicts. This paper aims to understand the process of self-demarcation of the Munduruku Plateau (IL) and provide the debate which way the concept of “development” is experienced by the society of the Açaizal village (the closest IL to the Curuá-Una highway, the main access to that territory). Furthermore, presents into debate on the contradiction of the agribusiness developmental discourse in Santarém. This research privileges a qualitative approach, which executed two fieldworks: the first occurred in December 2019, inside the villages of Ipaupixuna and Açaizal; the second materialized in February 2020, in Açaizal village. The data were obtained through photographic records in addition to open and semi-structured interviews with the Chiefs and Leaders of the mentioned areas. To develop an appropriate discussion in this investigation, authors from geography as well as other areas of knowledge were chosen. As a result of the expansion/invasion of agribusiness in Santarém, the original/traditional peoples are vulnerable due to invisibility and neglect of the State. This analysis reveals the self-demarcation of Munduruku’s IL Plateau as a manifestation of existence/resistance, as well as the achievements of autonomy, and the influence of Indigenous organizations to struggle in the political sphere, moreover, the understanding that development also means living within IL. Studies like this disclose the worrying reduction of rights and the disrespect for the lives of the original/traditional peoples of the Amazon; the existence/resistance of these peoples, on the other hand, allows us to realize through the geographical gaze the different perspectives that clash for the same space.
Keywords: Munduruku; Self-demarcation; Agribusiness; Autonomy; R-existence; Development.
Autonomía y desarrollo: la idea de “desarrollo” de los “Munduruku do Planalto” (Santarém/PA) frente al avance de la agroindustria
Resumen
El territorio de la Tierra Indígena (TI) Meseta Munduruku está ubicado a 42 km del área de la ciudad de Santarém (Pará), en la región identificada como «meseta de Santarém». En esa región, el proceso de expansión/invasión del agronegocio, en compañía del monocultivo de granos (maíz y soja), ha generado considerables conflictos geoepistémicos. Este artículo tiene como objetivo comprender el proceso de autodemarcación de la Meseta Munduruku (TI), así como proporcionar el debate acerca de la manera como el concepto de «desarrollo» es vivido por la sociedad de la aldea Açaizal (la TI más cercana a la carretera Curuá-Una, el principal acceso a ese territorio) y, además, pone en debate la contradicción del discurso desarrollista del agronegocio en Santarém. Esta investigación privilegia un enfoque cualitativo, en el que se ejecutaron dos trabajos de campo: el primero ocurrió en diciembre de 2019, en el interior de las aldeas de Ipaupixuna y Açaizal; el segundo se materializó en febrero de 2020, en la aldea de Açaizal. Los datos se obtuvieron por intermedio de los registros fotográficos y, por añadidura, de entrevistas abiertas y semiestructuradas a los jefes y líderes de las áreas mencionadas. Para desenvolver una discusión adecuada en esta investigación se escogieron autores de la Geografía y de otras áreas del conocimiento. Como resultado de la expansión/invasión del agronegocio en Santarém, los pueblos originarios/tradicionales son vulnerables debido a la invisibilidad y negligencia del Estado. Este análisis revela la autodemarcación de la (TI) Meseta de Mundurukú como una manifestación de existencia/resistencia, así como los logros de autonomía, la influencia de las organizaciones indígenas para luchar en la esfera política y, del mismo modo, en los entendimientos como el crecimiento también significa vivir dentro de la TI. Estudios como este revelan la preocupante reducción de los derechos y el irrespeto por la vida de los pueblos originarios/tradicionales de la Amazonía; la existencia/resistencia de estos pueblos, por otro lado, nos permite comprender la mirada geográfica de las diferentes perspectivas que compiten por el mismo espacio.
Palabras clave: Mundurukú; Autodemarcación; Agroindustria; Autonomía; R-existencia.
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