Ecocídio no sertão carioca: Contradições entre o planejamento urbano institucional orientado para o mercado imobiliário e suas próprias diretrizes ambientais sobre as Vargens, Zona Oeste do município do Rio de Janeiro

Resumo

O presente artigo articula elementos de um universo teórico nos campos da Geografia Ambiental, da Ecologia Política e do Urbanismo para abordar o caso de referência que vem sendo investigado pelo autor: as contradições entre o planejamento urbano institucional orientado para o mercado imobiliário e suas próprias diretrizes ambientais nas Vargens, Zona Oeste do município do Rio de Janeiro. Embora ancorados em um universo teórico ampliado, trabalhamos, portanto, com um recorte territorial bem delimitado nesses bairros. No centro desse movimento interdisciplinar, recorremos à sobreposição da análise geológica da Bacia Sedimentar de Jacarepaguá, como base científica fundamental para o entendimento do recorte territorial, comparando-a com os planos institucionais propostos para esses bairros. Há dúvida se essa análise geológica é ignorada no planejamento institucional, desde as primeiras versões do Projeto de Estruturação Urbana das Vargens à atual legislação urbanística proposta no novo Plano Diretor da cidade, ou se os índices construtivos foram determinados para pagar os custos dessa adversidade estrutural. As contradições se manifestam em diferentes escalas de tempo e espaço. Além das primeiras, apontadas entre diretrizes e objetivos do novo Plano Diretor carioca (2024) e suas propostas, temos um embate explícito entre os sujeitos políticos constituídos nesse território e uma institucionalidade submissa ao mercado imobiliário. O caso das Vargens, embora territorialmente delimitado, é exemplar das violentas contradições postas na atualidade: trata-se de uma conjuntura ampliada e fatal de crise sistêmica, estrutural, política, econômica, cultural, e de perspectiva de luta em um contexto de colapso ambiental global.

Palavras-chave: Política; Ambiente; Conflito; Planejamento Urbano.

Ecocide in the backlands of Rio: Contradictions between institutional urban planning oriented towards the real estate market and its own environmental guidelines in Vargens, West Zone of the city of Rio de Janeiro

Abstract

This article will seek to articulate elements of a theoretical universe in the fields of Political Ecology and Urbanism to address the reference case that has been investigated by the author: the contradictions between institutional urban planning oriented towards the real estate market and its own environmental guidelines in Vargens, West Zone of the city of Rio de Janeiro. Although anchored in an expanded theoretical universe, we work, therefore, with a well-defined territorial outline in these neighborhoods. At the center of this interdisciplinary movement, we will resort to the overlapping of the geological analysis of the Jacarepaguá Sedimentary Basin, as a fundamental scientific basis for understanding the territorial outline, comparing it with the institutional plans proposed for these neighborhoods. There is doubt as to whether this geological analysis is ignored in institutional planning, from the first versions of the Vargens Urban Structuring Project to the current urban legislation proposed in the city's new Master Plan, or whether the construction indices were determined to pay the costs of this structural adversity. Contradictions manifest themselves on different scales of time and space. In addition to the first contradictions pointed out between the urban project and the environment, we have an explicit clash between the political subjects constituted in this territory and an institutionality submissive to the real estate market. The case of Vargens, although territorially delimited, is an example of the violent contradictions present today. It is an expanded and fatal situation of systemic, structural, political, economic, cultural crisis, and perspective of struggle in a context of environmental collapse global.

Keywords: Politics; Environment; Conflict; Urban Planning.

Ecocidio en el interior de Rio: Contradicciones entre la planificación urbana institucional orientada al mercado inmobiliario y sus propias directrices ambientales en Vargens, Zona Oeste de la ciudad de Río de Janeiro

Resumen

Este artículo buscará articular elementos de un universo teórico en los campos de la Ecología Política y el Urbanismo para abordar el caso de referencia que ha sido investigado por el autor: las contradicciones entre la planificación urbana institucional orientada al mercado inmobiliario y sus propias directrices ambientales en Vargens, Zona Oeste de la ciudad de Río de Janeiro. Aunque anclados en un universo teórico ampliado, trabajamos, por tanto, con un contorno territorial bien definido en estos barrios. En el centro de este movimiento interdisciplinario, recurriremos a la superposición del análisis geológico de la Cuenca Sedimentaria de Jacarepaguá, como base científica fundamental para comprender el contorno territorial, comparándolo con los planes institucionales propuestos para estos barrios. Cabe duda de si este análisis geológico es ignorado en la planificación institucional, desde las primeras versiones del Proyecto de Estructuración Urbana de Vargens hasta la actual legislación urbanística propuesta en el nuevo Plan Maestro de la ciudad, o si los índices de construcción fueron determinados para pagar los costos de esta adversidad estructural. Las contradicciones se manifiestan en diferentes escalas de tiempo y espacio. Además de las primeras contradicciones señaladas entre los lineamientos y objetivos del nuevo Plan Maestro de Río (2024) y sus propuestas, tenemos un choque explícito entre los sujetos políticos constituidos en este territorio y una institucionalidad sumisa al mercado inmobiliario. El caso de Vargens, aunque delimitado territorialmente, es un ejemplo de las contradicciones violentas presentes hoy. Se trata de una situación ampliada y fatal de crisis sistémica, estructural, política, económica, cultural y de perspectiva de lucha en un contexto de colapso ambiental global.

Palabras clave: Política; Medio Ambiente; Conflicto; Planificación Urbana.