TERRITÓRIO CORPO-TERRA: RESISTÊNCIAS DAS MULHERES CONTRA O NEOEXTRATIVISMO DA SOJA NO BIOMA PAMPA
DOI:
https://doi.org/10.48075/igepec.v26i2.29007Palavras-chave:
Rio Grande do Sul, fronteira agrícola moderna, territorialidade, gêneroResumo
Especialmente na última década, o avanço vertiginoso do cultivo da soja no Bioma Pampa é uma das faces da rota de capilarização das fronteiras produtivas do regime neoextrativista na América Latina. Este estudo objetiva investigar como se conformam as repercussões do neoextrativismo da soja no Bioma Pampa brasileiro, enquanto território corpo-terra, e as lutas territoriais protagonizadas pelas mulheres. O estudo é de cunho qualitativo, usufruindo-se de pesquisa bibliográfica e entrevistas semiestruturadas. Como resultados, levantou-se que as repercussões da expansão da soja são ambientais, sociais, culturais e econômicas, ocorrendo a inter-relação entre as problemáticas que incidem sobre o território-terra e território-corpo das mulheres. As resistências se expressam como uma resposta às questões que atravessam as mulheres cotidianamente. A organização de frentes de resistência populares é urgente e indispensável para que a emancipação dos territórios pampeanos e das mulheres ocorra.
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