REPERTÓRIO ANCESTRAL FRONTEIRIÇO

TAMBORES EM DIFUSÃO (2020) E MEDIAÇÕES EM CONTEXTO DE PANDEMIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v18i43.28369

Palavras-chave:

Maracatu, Ancestralidade, Fronteira, Intermídias, Interculturalidade.

Resumo

Este artigo tem como intuito refletir as relações fronteiriças negras por meio de suas proposições intermidiáticas e interculturais, com foco no trabalho desenvolvido pelo grupo de estudos de maracatu de baque-virado Kaburé Maracatu, localizado na cidade de Foz do Iguaçu, e mais especificamente o projeto Kaburé Maracatu: Tambores em difusão (2020). O projeto destinou-se à promoção e difusão da cultura popular conhecida como Maracatu de Baque-Virado em Foz do Iguaçu, através de apresentações artísticas virtuais que reuniram o sotaque de quatro Nações de Maracatu pernambucanas: Leão Coroado, Estrela Brilhante do Recife, Cambinda Estrela e Baque-forte. A ação foi premiada com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Foz do Iguaçu, promovido pela Prefeitura de Foz do Iguaçu, Fundação Cultural de Foz do Iguaçu e Conselho de Políticas Culturais de Foz do Iguaçu. Nesta oportunidade, mediante a análise do projeto Tambores em difusão (2020), destacaremos como o grupo faz uso do que Alai Diniz e Jazmín Ayala (2016) destacam como metodologia tradutória intercultural. Com o suporte da intermidialidade, buscamos compreender um modo de existência cultural marcada pelo que Irina Rajewsky (2012) destaca como um procedimento que atravessa as fronteiras entre mídias. O estudo aponta considerando as dimensões étnico-raciais e as referências das leis 10.639/03 e 11.645/08, a urgência e relevância de projetos e conexões que tem como fundamento lidar com a diversidade, considerando as assimetrias sociais, os múltiplos contextos e a valorização ancestral negra, a fim de como sublinha Petronilha Silva (2007) superarmos uma noção de democrático que tem como sistemática “ignorar o outro na sua diferença.” (SILVA, 2007, p. 98).

Biografia do Autor

Izabela Fernandes Souza, UNIOESTE

Doutoranda em Letras - Linguagem e Sociedade pelo programa de pós-graduação da UNIOESTE (2020). Mestra Interdisciplinar em Estudos Latino-americanos - IELA pela Universidade da Integração Latino-americana - UNILA (2019). Graduada no curso de Letras - Artes e Mediação Cultural UNILA (2016). Pesquisa manifestações artísticas culturais, performance, narrativas femininas e as relações étnico-raciais de matriz africana. Participa do NELOOL - Núcleo de Estudos de Literatura, Oralidades e Outras Linguagens da Universidade Federal de Santa Catarina. É fundadora e coordenadora do grupo de cultura popular Kaburé Maracatu (2016), este premiado no Edital Prêmio Culturas Populares Selma do Coco, Ministério da Cultura, em 2018. Assistente de eventos do Ilê Asé Baru, que atua há mais de 27 anos em Foz do Iguaçu, realizando atividades de promoção e respeito à cultura afro-brasileira. Faz parte do Conselho de Promoção à Igualdade Racial de Foz do Iguaçu - PR (2019/2021). Premiada pelos editais de Pesquisadores Independentes de Saberes e Fazeres Tradicionais (Edital 009/2020), Outras Palavras - Prêmio de Obras Literárias, e o de Jornada - Prêmio de reconhecimento de trajetória (edital 003/2020), pelo Estado do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura - Superintendência Geral da Cultural -SECC. Sócia da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN. Produz e coordena a Feira da Consciência Negra na Vila C, que acumulou 4 edições em Foz do Iguaçu/PR.

Referências

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Publicado

03-08-2023

Como Citar

SOUZA, I. F. REPERTÓRIO ANCESTRAL FRONTEIRIÇO: TAMBORES EM DIFUSÃO (2020) E MEDIAÇÕES EM CONTEXTO DE PANDEMIA. Trama, Marechal Cândido Rondon, v. 18, n. 43, p. 58–67, 2023. DOI: 10.48075/rt.v18i43.28369. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/trama/article/view/28369. Acesso em: 28 abr. 2024.

Edição

Seção

Epistemologias da África e sua diáspora: uma jornada pelo espaço da linguagem, d