O NARRADOR DEVASSADO: UM OLHAR SOBRE O FILHO ETERNO

Autores

  • Cecília Guedes Borges de ARAÚJO Colégio Técnico de Bom Jesus/Universidade Federal do Piauí.
  • Fabricio Flores FERNANDES Universidade Estadual do Piauí

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v16i38.24153
Agências de fomento

Palavras-chave:

Narrador, Memória, Fragmentação

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar o ponto de vista do narrador na obra O filho eterno, de Cristovão Tezza, com ênfase na representação da evocação memorialística da personagem principal. Discute-se aqui como a memória surge na consciência por meio de fluxos descontínuos e como a narrativa, por sua vez, simula esse movimento pendular, que não segue um padrão linear. A linguagem fragmenta-se, com discursos em primeira e terceira pessoas, provocando um efeito de confusão entre personagem e narrador. Destaca-se, ainda, nos fluxos de consciência do “pai”, uma sinceridade absoluta, expressa em linguagem objetiva, que emerge a partir da devassa em suas recordações mais recônditas, oscilando entre a vergonha do filho com síndrome de Down e a dedicação à provisão de estímulos motores e intelectuais para torná-lo uma criança “normal”. A fundamentação teórica da argumentação empreendida neste texto consiste em reflexões de Alvarez, Candido, Ginzburg e Naves, dentre outros.

Referências

ALVAREZ, Alfred. A voz do escritor. Tradução: Luiz Antonio Aguiar. Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 2006.

BARBOSA, João Alexandre. A modernidade do romance. In: PROENÇA FILHO, Domício (org.). O livro do seminário. São Paulo: L. R. Editores, 1983, p. 21 - 42.

BARTHES, Roland. A morte do autor. Tradução de Mário Laranjeira. In: BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 1 - 5.

BENJAMIN, Walter. O narrador. Tradução de S. P. Rouanet. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 197 - 222.

CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 12. ed., Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011.

FRIEDMAN, Norman. O ponto de vista na ficção: o desenvolvimento de um conceito crítico. Revista USP, São Paulo, nº 53, março/maio 2002, p. 166 – 182.

GINZBURG, Jaime. Notas sobre elementos de teoria da narrativa. In: COSSON, Rildo (Org.). Esse rio sem fim - Ensaios sobre a literatura e suas fronteiras. Pelotas: Relatos, 2000, p. 113-136.

JAMES, Henry. A arte do romance: antologia de prefácios. Organização, tradução e notas: Marcelo Pen. São Paulo, Globo, 2003.

MOTTA, Luiz Gonzaga. A teoria da narrativa - narratologia. In: MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise crítica da narrativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2013, p. 71 – 92.

NAVES, Rodrigo. A dificuldade da forma e a forma difícil. In: NAVES, Rodrigo. A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Companhia das letras, 2011, p. 15 - 40.

SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Ficção brasileira contemporânea. 2. ed., Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 2011.

TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de Janeiro, Saraiva, 2011.

Recebido em 01-03-2020 | Aceito em 10-05-2020

 

Biografia do Autor

Cecília Guedes Borges de ARAÚJO, Colégio Técnico de Bom Jesus/Universidade Federal do Piauí.

Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí. Professora de Redação e de Filosofia no Colégio Técnico de Bom Jesus/Universidade Federal do Piauí.

Fabricio Flores FERNANDES, Universidade Estadual do Piauí

Doutor em Teoria e História Literária. Professor de literatura na Universidade Estadual do Piauí.

Downloads

Publicado

08-06-2020

Como Citar

ARAÚJO, C. G. B. de; FERNANDES, F. F. O NARRADOR DEVASSADO: UM OLHAR SOBRE O FILHO ETERNO. Trama, Marechal Cândido Rondon, v. 16, n. 38, p. 25 35, 2020. DOI: 10.48075/rt.v16i38.24153. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/trama/article/view/24153. Acesso em: 3 nov. 2024.

Edição

Seção

Literatura Brasileira Contemporânea: desafios e perspectivas