O NARRADOR DEVASSADO: UM OLHAR SOBRE O FILHO ETERNO
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v16i38.24153Palavras-chave:
Narrador, Memória, FragmentaçãoResumo
Este artigo tem como objetivo analisar o ponto de vista do narrador na obra O filho eterno, de Cristovão Tezza, com ênfase na representação da evocação memorialística da personagem principal. Discute-se aqui como a memória surge na consciência por meio de fluxos descontínuos e como a narrativa, por sua vez, simula esse movimento pendular, que não segue um padrão linear. A linguagem fragmenta-se, com discursos em primeira e terceira pessoas, provocando um efeito de confusão entre personagem e narrador. Destaca-se, ainda, nos fluxos de consciência do “pai”, uma sinceridade absoluta, expressa em linguagem objetiva, que emerge a partir da devassa em suas recordações mais recônditas, oscilando entre a vergonha do filho com síndrome de Down e a dedicação à provisão de estímulos motores e intelectuais para torná-lo uma criança “normal”. A fundamentação teórica da argumentação empreendida neste texto consiste em reflexões de Alvarez, Candido, Ginzburg e Naves, dentre outros.
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Recebido em 01-03-2020 | Aceito em 10-05-2020
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