O EXERCÍCIO DE MONTAGEM DO ESTADO DA ARTE DE UM CORPUS EM CHAMAS A PARTIR DOS ESTUDOS DISCURSIVOS FOUCAULTIANOS
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v18i44.29573Palavras-chave:
Museu Nacional, Incêndio, Estado da Arte, Corpora, Estudos Discursivos FoucaultianosResumo
Neste artigo, proponho um exercício reflexivo sobre a relação entre o fazer científico e o
fazer-se sujeito nas/das ciências da linguagem a partir do legado do filósofo Michel Foucault.
Considerando o modo como se produz conhecimento, em especial a partir dos procedimentos
metodológicos pelos quais o discurso científico é veridificado na ordem do social, problematizo os
efeitos da elaboração do estado da arte de uma pesquisa de doutoramento desenvolvida no âmbito
dos estudos do texto e do discurso, com o objetivo de refletir sobre os efeitos deste procedimento
metodológico na constituição e montagem de um corpus discursivo. Tal proposta, alinhada às
formulações desenvolvidas no interior dos Estudos Discursivos Foucaultianos, se baseou na
descrição da busca indexada por trabalhos acadêmicos que respondessem a critérios atrelados à
discursividades referentes ao incêndio do Museu Nacional. As análises permitiram observar que a
constituição de um estado de saber, da consolidação de uma lei que permitiu que, num dado período
de tempo, no calor de uma dada época, acerca de um objeto específico pudessem circular, em
concomitância, um conjunto de proposições e não outras em seu lugar, incide sobre um regime de
práticas analíticas vindouras como uma espécie de controle normatizador do arqui vo discursivo de
uma dada época. Este, elemento normalizador dos diversos enunciados que poderão, à luz de uma
teoria foucaultiana dos discursos, virem a ser corpora, cooptam o fazer o científico do analista das
práticas discursivas, desencadeando as possibilidades de este se inserir na ordem dos discursos
possíveis.
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