Remição pela leitura e práticas de letramento: uma relação interdependente rumo à libertação
Palavras-chave:
Projeto Remição pela Leitura, Letramento, educação prisionalResumo
Os temas Letramento e Educação Prisional têm sido objeto de raros estudos e, frequentemente, também de controvérsias no Brasil. Levando em consideração as diversas questões que envolvem tais discussões, como a ressocialização e a eficácia do ensino na construção do conhecimento, este artigo apresenta algumas reflexões sobre a implantação do projeto de Remição pela Leitura nos estabelecimentos prisionais, considerando o letramento, o papel e os significados que a leitura pode assumir no sistema penitenciário. Para tanto, a perspectiva teórica adotada fundamenta-se, sobretudo, nos estudos de Brasil (2012), Deleuze e Guattari (1995), Foucault (1986), Freire (2011), Kleiman (1995/2002), Rojo (2009) e Soares (1998/2003/2004). Nesse contexto de Educação Prisional, o incentivo à leitura tem sido considerado pelo poder público, assim como na educação escolar em geral, como um dos meios alternativos para a socialização do preso, tendo em vista que a leitura é fator essencial para a cidadania, independentemente de o leitor estar em situação de liberdade ou em situação prisional, pois ocupa lugar privilegiado no cotidiano, contribuindo para ampliar o conhecimento de si e do mundo, ainda que em muitos momentos a leitura seja considerada apenas como um recurso para abreviar ao detento, o tempo de permanência na reclusão. Neste sentido, as reflexões que aqui propomos objetivam reunir informações sobre o projeto de Remição pela Leitura e uma possível relação com a perspectiva do letramento. Para tanto, este artigo apresenta informações de caráter bibliográficas e exploratórias sobre ambas temáticas, a fim de proporcionar ao leitor um compêndio do cenário de tais assuntos no Brasil.
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