Casamento, negócios e testamentos em “Luís Soares”, de Machado de Assis: uma proposta de leitura
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v14i3.25000Palavras-chave:
Casamento, caracteres masculinos e femininos, inviolabilidade senhorial.Resumo
O conto “Luís Soares” narra a história de um rapaz falido que busca se aproximar de um tio com a ambição de tornar-se seu herdeiro. Publicado inicialmente no Jornal das Famílias, em janeiro de 1869, Machado de Assis coletou “Luís Soares” para fazer parte de Contos Fluminenses, coletânea que gira em torno do tema amoroso, sempre associado ao casamento, normalmente de interesse e com resultados bastante insatisfatórios para as mulheres. Neste artigo, de cunho bibliográfico-analítico, dedicado ao exame do conto “Luís Soares”, propomos observar o modo como Machado mobiliza uma discussão sobre casamento e expectativas masculinas e femininas e a ideia de inviolabilidade senhorial, a partir de um narrador que apenas na aparência adere ao mundo representado por Soares. Para tanto, o artigo está organizado em três seções: na primeira, refletimos sobre o posicionamento do narrador do conto; na segunda, discutimos o modo como Machado faz uso da oposição de caracteres para a construção de seus protagonistas com o objetivo de desnudar as expectativas femininas e masculinas no casamento; na terceira, interessa-nos refletir sobre como se dá a ruptura com as vontades senhoriais por meio de um agente externo à família, mas responsável também pela manutenção da estrutura patriarcal. O conto aponta para aspectos importantes da conformação social do casamento nos oitocentos brasileiro, colocando em confronto as expectativas femininas (que preservavam a ideia de eleição pessoal) e masculinas (centradas em interesses de ordem pessoal e/ou econômica) e a ideia da inviolabilidade senhorial.
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