A conjuntura educacional em contextos fronteiriços:
uma análise sobre Guajará-Mirim (RO)
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v15i3.27940Palavras-chave:
alunos bolivianos, educação fronteiriça, migração, políticas públicas educacionaisResumo
A mobilidade na fronteira brasileira se intensificou nas últimas décadas, impulsionado, principalmente, a partir das políticas públicas do Mercado Comum do Sul. Assim, este artigo tratará do movimento de migrantes bolivianos em direção à cidade de Guajará-Mirim, localizada no estado de Rondônia (RO), na fronteira internacional com a Bolívia, com foco naqueles que vêm estudar no lado brasileiro. Para isso, o recorte temporal será nas duas últimas décadas, de 2000 a 2021, a fim de observar o comportamento e intensificações dessa mobilidade. A investigação se dedica a entender a conjuntura educacional do sistema público de ensino de Guajará-Mirim, que é receptor de alunos bolivianos, sobretudo para as questões de inserção desses estudantes, como e se as escolas têm se adaptado à realidade fronteiriça e se apresentam projetos de ensino-aprendizagem pautados na pluralidade dos alunos. Para tal, realizamos uma discussão sobre a relação entre mobilidade na fronteira e educação, como em Santos (2016), interculturalidade e multiculturalismo com Candau (2016, 2020) e Portera (2011). Aliado à bibliografia, metodologicamente nos valemos do tratamento de dados dispostos no Sistema de Registro Nacional Migratório e também questionários semiestruturados realizados nas escolas públicas locais de modo a apontar as características fronteiriças presentes na cidade de Guajará-Mirim. Também se elaborou tabelas, gráficos e mapas elucidativos da presença de bolivianos na rede de ensino. Os resultados obtidos apontam as dificuldades das instituições de ensino na efetivação de uma educação intercultural, sobretudo no tocante à língua e à própria invisibilidade do contexto fronteiriço norte nos projetos pedagógicos educacionais regionais.
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