Álvaro de Campos e seu imaginário futurista
mitologia da sociedade de consumo
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v16i3.29627Palavras-chave:
Imaginário, Literatura, Artes, FuturismoResumo
Tomando por método a mitodologia proposta por Durand (1982), o artigo realiza a mitocrítica e mitanálise do imaginário futurista no poema “Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra”, de Álvaro de Campos (Pessoa, 1993). O objetivo é demonstrar a atualidade da poética campista no século XXI, quando a tecnologia continua a impulsionar os signos da estrada e da viagem como predições das transformações humanas ocasionadas pela urbanização e velocidade que advêm do mundo das máquinas. Dentre as vanguardas do início do século XX, o futurismo anuncia o nascimento da sociedade de consumo tomando como símbolo o automóvel, de modo que a poética pessoana representa seu aparelhamento com a emergente indústria da publicidade, do branding e do marketing como forma de encantamento das sociedades para a experiência automobilística. A metodologia proposta por Durand (1989) estrutura antropologicamente a interpretação do sentimento modernista frente às transformações históricas que viriam a alterar a relação dos seres humanos com a natureza, os objetos e a cultura. A comparação entre a poética desse heterônimo de Fernando Pessoa, suas intertextualidades literárias e o movimento liderado por Marinetti (1909) nas artes visuais demonstra a acuidade dos futuristas ao imaginarem a realidade dos centros urbanos no século vindouro.
Downloads
Referências
ARAÚJO, Alberto Filipe; ALMEIDA, Rogério. Fundamentos metodológicos do imaginário: mitocrítica e mitanálise. Téssera, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 18-42, 2018. https://doi.org/10.14393/TES-V1n1-2018-2
BALLA, Giacomo. Velocità d'automobile (Velocità n. 1). [Pintura] Mart, Museo di arte moderna e contemporanea di Trento e Rovereto, Itália, 1913. https://artsandculture.google.com/asset/velocit%C3%A0-d-automobile-velocit%C3%A0-n-1-giacomo-balla/sgEDK_-yQ4pkhA
BAUDELAIRE, Charles. A invenção da modernidade (Sobre arte, literatura e música). Tradução de Pedro Tamen. Lisboa: Relógio D’Água, 2006.
BAUDRILLARD, Jean. The Consumer Society: Myths and Structures. London: Sage, 2016.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: A transformação das pessoas em mercadoria. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
BAZUÁ, Hugo Francisco; MARSHALL, Francisco. En torno a l’imaginaire: entrevista al filósofo del imaginaire Jean-Jacques Wunenburger. Anos 90, v. 14, n. 26, p. 217-224, 2007. https://doi.org/10.22456/1983-201X.5397
BERTIN, Georges. Pour l'Imaginaire, principes et méthodes. Esprit critique, v. 4, n. 2, fev. 2002. https://www.espritcritique.org/0402/article2.html
CARRÀ, Carlo. Jolts of a cab. [Pintura]. The Museum of Modern Art. New York, NY, USA, 1911. https://www.moma.org/collection/works/80471
CARVALHO, Rogério Gonçalves de. (2021). Mitohermenêutica de filmes hollywoodianos de acordo com o imaginário de Gilbert Durand. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia, v. 6, n. 1, p. e-175852. https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2021.175852
CASAITALIANANYU (2014, Februrary 25). The international impact of futurism: Absorptions, Assimilations, Adaptations [Video file]. YouTube. https://youtu.be/JS-f_99cf1w
CASSIGOLI, Rossana. Poética, morada y exilio: en torno a Gaston Bachelard. In: SOLARES, Blanca. Gaston Bachelard y la vida de las imágenes. Cuenavaca: UNAM, Centro Regional de Investigaciones Multidisciplinarias, 2009. p. 59-88.
DURAND, Gibert. A imaginação simbólica. Lisboa: Arcádia, 1979.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. Lisboa: Presença, 1989.
DURAND, Gilbert. Introduction à la Mythodologie: Mythes et Sociétés. Paris: Albin Michel, 2000.
DURAND, Gilbert. Mito, símbolo e mitodologia. Lisboa: Presença, 1982.
BORBA, Camile Fernandes; JARDIM, Jéssica Cristina. Tradução do ensaio “Passo a passo mitocrítico”, de Gilbert Durand. Revista Ao Pé da Letra, v. 14, n. 2, p. 129-147, 2012. https://periodicos.ufpe.br/revistas/pedaletra/article/view/231802
GIL DE BIEDMA, Jaime. Poesía y Prosa. 1. ed. Barcelona: Galaxia Gutenberg, S. L., 2010.
GODINHO, Helder. Na morte de Gilbert Durand. Cadernos do Ceil, v. 2, n. 2, p. 4-6, dez. 2012. https://ielt.fcsh.unl.pt/wp-content/uploads/2018/03/ciencia-e-imaginario-numero-2-dezembro-2012.pdf
KIMES, Beverly Rae; ACKERSON, Robert C. Chevrolet: A history from 1911. Automobile Quarterly, 1986.
LAPOUJADE, María Noel. Mito e imaginación a partir de la poética de Gaston Bachelard. In: SOLARES, Blanca. Gaston Bachelard y la vida de las imágenes. Cuenavaca: UNAM, Centro Regional de Investigaciones Multidisciplinarias, 2009. p. 33-58.
LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal: Ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
MAFFESOLI, Michel. Michel Maffesoli: o imaginário é uma realidade. Revista Famecos, v. 8, n. 15, p. 74-82, 2001. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2001.15.3123
MALRAUX, André. O museu imaginário. Tradução de Isabel Saint-Aubin. Lisboa: Edições 70, 2011.
MARINETTI, Filippo Tommaso. Manifeste du futurisme: (Publié par le "Figaro" le 20 Février 1909), 1909. https://collections.library.yale.edu/catalog/10501294
MITCHELL, William John Thomas. Iconology: Image, Text, Ideology. Chicago: The University of Chicago Press, 1986.
TAVARES, Frederico. Mitosfera do consumo: notas de uma teoria sobre comunicação, consumo e imaginário. Signos Do Consumo, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 1-12, jan./jun. 2022. https://www.revistas.usp.br/signosdoconsumo/article/view/193997
PESSOA, Fernando. Carta a Adolfo Casais Monteiro. Casa Fernando Pessoa, 1935. https://www.casafernandopessoa.pt/pt/fernando-pessoa/textos/heteronimia
PESSOA, Fernando. Correspondência 1905-1922. Lisboa: Assírio & Alvim, 1999.
PESSOA, Fernando. Poesia completa de Álvaro de Campos. Nostrum, 2014.
PESSOA, Fernando. Poesias de Álvaro de Campos. São Paulo: Ática, 1993. http://arquivopessoa.net/typographia/textos/arquivopessoa-4422.pdf
PESSOA, Fernando. Teoria da Heteronímia. Lisboa: Assírio & Alvim, 2012.
PRAZ, Mario. Mnemosyne: El paralelismo entre la literatura y las artes visuales. Madrid: Taurus, 1979.
RUSSOLO, Luigi. Automobile in corsa. [Painting]. Centre Pompidou, 1912-1913. https://www.centrepompidou.fr/en/ressources/oeuvre/AIByhep
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo, Razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2006.
VAN EERSEL, Patrice. Le retour des dieux. Nouvelle Clés [S. l.], 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob CC-BY-NC-SA 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com indicação da autoria e publicação inicial nesta revista

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.