A poética de contestação social do slam e do rap na literatura brasileira contemporânea

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v18i1.32248

Palavras-chave:

Artes Periféricas; Cultura; Rap; Slam.

Resumo

Este artigo propõe reflexões acerca dos efeitos dos discursos hegemônicos da historiografia e crítica literária que incidem sobre as artes periféricas, relacionando sua recepção aos estudos literários e decoloniais. O que percebemos é uma supervalorização das artes clássicas e canônicas e, em contrapartida, uma subvalorização das artes periféricas. Assim, a depreciação de artes, como o slam e o rap associa-se a um imaginário preconceituoso erigido social e historicamente na percepção do poético fechado em si mesmo, sem relação ética com seu contexto de produção. Nesse sentido, o objetivo consiste em lançar luz a esse viés cultural que atravessa as concepções artísticas, para que contemplemos o slam e o rap sob uma ótica decolonial. Por essa razão que promovemos reflexões com base nas asseverações de Abreu (2006), Candido (2006), Fish; Hoys-Andrade (2001), Lajolo (1993), Palermo (2018), Shusterman (1998) e Zumthor (1997), segundo os quais os percursos envolvidos na recepção do texto artístico será, exclusivamente, comunicação expressiva (e, portanto, arte) se quem a consome também a compreende. Assim sendo, expectamos como propósito final deste trabalho contribuições potencializadas à ideia de que tanto o slam quanto o rap são artes que conseguem atingir seu público, no que diz respeito ao processo de fabulação. Para isso, o método por meio do qual tecemos nossas reflexões revisita algumas obras pertencentes ao universo da periferia, como os slams compilados por Mel Duarte (2019), bem como a música Capítulo 4, versículo 3 do grupo Racionais Mc’s (2023), procurando analisá-las à luz do que advogam os autores mencionados.

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Biografia do Autor

Ismael Iladin, Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste)

Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2005). Atualmente é professor, lotado na Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Tem experiência na área do ensino, com ênfase em Literatura e Linguagem. Mestrando na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), no município de Cascavel, do Programa de Pós-graduação em Letras, área de concentração linguagem e sociedade; linha de pesquisa em Literatura, cultura , memória e ensino.

Fátima Sozza, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (PLE/UEM). Professora extensionista/voluntária da UFPR – Setor Palotina na área de literatura

Valdeci Batista de Melo Oliveira, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Doutora em Letras (Literatura Portuguesa) pela Universidade de São Paulo (2007). Docente do Curso de Letras da Unioeste/Cascavel. Docente do Mestrado Profissional em Letras (Profletras/Unioeste/Cascavel) e do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/Unioeste/Cascavel), nível Mestrado e Doutorado. Membra dos Grupos de Pesquisa CNPq: Etnia, Diversidade e Gênero e Linguagem e Sociedade.

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Publicado

27-01-2024

Como Citar

ILADIN, I.; SOZZA, F.; OLIVEIRA, V. B. de M. A poética de contestação social do slam e do rap na literatura brasileira contemporânea. Travessias, Cascavel, v. 18, n. 1, p. e32248, 2024. DOI: 10.48075/rt.v18i1.32248. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/32248. Acesso em: 27 abr. 2024.