Trânsfugas na modernidade
literatura e política em Machado de Assis, Sílvio Romero e Clóvis Beviláqua no Brasil do fin-de-siècle
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v19i1.35008Palavras-chave:
Modernidade no Brasil, Machado de Assis, Silvio Romero, Clóvis BeviláquaResumo
Neste artigo, serão exploradas as interseções entre literatura e política no Brasil da virada do século XIX para o XX, a partir das trajetórias de Machado de Assis, Silvio Romero e Clóvis Beviláqua. Partindo de Machado - Romance (2016), de Silviano Santiago, analisa-se como as transformações da modernidade se refletiram na vida e obra de Machado, especialmente em seus últimos anos (entre 1905 e 1908), destacando-se como as tensões sociais e políticas da época se inscrevem na experiência pessoal do autor e em suas relações de sociabilidade. Já Silvio Romero e Clóvis Beviláqua são analisados enquanto intelectuais trânsfugas, no sentido de que seu esforço por autonomia os levou a não se enquadrarem plenamente nas estruturas (intelectuais e sociais) dominantes. Dentro desse prisma, os três autores analisados oferecem, ainda que implicitamente, uma visão crítica da modernidade brasileira. A reflexão sobre esses intelectuais permite compreender as contradições da modernidade no Brasil, destacando o entrecruzamento da literatura, da política e da cultura como espaço privilegiado de análise dessas tensões. Além de Silviano Santiago, toma-se como referências teóricas as ideias de Edward Said (2005) sobre o papel dos intelectuais e Eric Santner (2011) sobre a dualidade constitutiva do processo de construção da modernidade.
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