Por uma educação antirracista: teatro do oprimido, letramento étnico-racial e a transformação social de meninas negras
Palavras-chave:
Educação Antirracista, Letramento, Teatro do Oprimido, NarrativasResumo
Partindo do Teatro do Oprimido (TO) – metodologia teatral criada por Augusto Boal (1980) – e de um movimento de mulheres difundido por Bárbara Santos (2016) – Rede Internacional Mada(g)dalena de Teatro das Oprimidas –, o presente artigo é resultado de um projeto de Pesquisa-ação Ativista desenvolvido em uma escola da rede municipal de Duque de Caxias/RJ com meninas do 5º ano do ensino fundamental. A metodologia consistiu em um laboratório de investigação cênica utilizando os jogos e técnicas teatrais do TO para a criação coletiva de uma peça de Teatro Fórum que levasse as questões relacionadas a opressões vividas por esse grupo representativo da comunidade escolar. Partindo do cotidiano e das narrativas (particularmente as autobiográficas) das alunas, assim como defendia Paulo Freire (2016) [1974] – “Quem, melhor que os oprimidos...?” –, analisamos as identidades sociais de raça e gênero, nas relações sociais e raciais do cotidiano escolar, amparados pelo papel de um Movimento Negro Educador e seus saberes estético-corpóreos, políticos e identitários, conforme proposto por Gomes (2017). Unindo a metodologia de Boal ao conceito de letramento racial crítico de Ferreira (2015), investigamos o uso do TO enquanto ferramenta de linguagem para letrar-se nas questões étnico-raciais. Este trabalho apresenta percepções e desafios da pesquisadora na entrada em campo; os desafios metodológicos em propor uma pesquisa-ação-ativista sendo parte integrante desse campo; a trajetória teatral das interlocutoras e suas vozes; assim como a resposta da comunidade escolar em diálogo nas intervenções do Teatro Fórum.
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