Um multiplicador de vozes: A idade do ferro (1992) e Desonra (2000) de JM Coetzee
Palavras-chave:
Pós-colonialismo, Literatura, África do Sul, polifonia, alteridade.Resumo
Esta pesquisa realiza um estudo comparado das obras A Idade do Ferro (1992) e Desonra (2000), do escritor sul-africano John Maxwell Coetzee. O tema proposto visa uma análise comparativa entre os dois romances destacando as imagens de identidade, alteridade e na investigação sobre o papel do narrador na construção dessas imagens e conceitos. Respaldando-se, na temática do apartheid tratada em ambas as obras, além de outros elementos que encontram ressonância na estrutura interna das duas narrativas a exemplo da focalização narrativa ancorada em elementos de uma memória cultural que traz à tona questões de alteridade e pós-colonialismo. Na obra A Idade do Ferro (1992), a questão da alteridade aparece no cotidiano da personagem principal, Elizabeth Costello, que inicia um questionamento e reflexão a partir do contato com o Outro que revela a sua “cegueira” frente ao regime, como também sua fragilidade em comparação aos negros fortes como ferro. O romance Desonra (2000), revela a condição do homem branco na nova sociedade pós-apartheid, que transformou a antiga superioridade branca em minoria e o sujeitou à condição de excluído, na qual necessita se adequar à nova sociedade da África do Sul marcada pelo passado segregacionista, percebendo-se, agora, como um ser deslocado, vendo a “desgraça” ao seu redor, enquanto as outras personagens se relocam. A análise toma como pressupostos teóricos os conceitos de identidade, alteridade, resistência e pós-colonialismo expostos por Franz Fanon (1979), Alfredo Bosi (2002), Stuart Hall (2003), Homi Bhabha (2003), Thomas Bonnici (2009), entre outros. Para o estudo sobre o narrador, foram tomados os pressupostos de Mikhail Bakhtin (1993) mais precisamente a concepção de plurilinguismo no romance, dialogismo e polifonia.
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