Quando poesia rima com trabalho: perspectivas profissionais a partir de um sarau literário
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v15i1.25527Palavras-chave:
Escritores da periferia, saraus literários, políticas culturais.Resumo
Associados a expressões variadas, como literatura marginal e periférica, escritores originários das camadas populares e majoritariamente identificados como negros têm ganhado visibilidade na cena cultural brasileira, desde o final dos anos 1990. Boa parte deles também está engajada em coletivos literários que, entre outras atividades, promovem saraus em periferias e favelas, apropriando-se e dando novos significados a um tipo de prática atribuída às elites econômicas e culturais. Tendo como referência esse contexto, bem como um conjunto de políticas organizadas para responder às demandas desses artistas e ativistas, o artigo enfoca as trajetórias de Raquel Almeida e Michel Yakini, cofundadores do Coletivo Literário Elo da Corrente, para discutir perspectivas de profissionalização na área cultural. Os dados e reflexões aqui apresentadas se baseiam em entrevistas realizadas em diferentes momentos da atuação pública desses escritores, assim como se apoiam em uma série de pesquisas realizadas sobre produção cultural nas periferias paulistanas (AUTORA, 2006; 2011 e 2017). Em diálogo com teóricos que refletiram sobre trajetória social (BOURDIEU, 1986), projeto de vida (DAYRELL, 2005A), transição para vida adulta (Sposito, 2007) e políticas voltadas para a democratização da cultura (como VILUTIS, 2009, ABREU, 2010 e MAIA, 2014), busca-se demonstrar que, mais do que importantes instâncias de produção e difusão de literatura nas periferias, os saraus são espaços a partir dos quais seus frequentadores assíduos agenciam subjetividades, modos de ser e estar no mundo, ao criarem vínculos afetivos com o território periférico e acessarem novas oportunidades de participação política, vivência comunitária e atuação profissional.Downloads
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