Método corporativo-estatal no setor mineral: Discursos e práticas no contexto da transição energética
DOI :
https://doi.org/10.48075/amb.v7i1.35015Résumé
O contexto socioecológico global contemporâneo é marcado por eventos catastróficos associados às mudanças climáticas. Nesse cenário, a corrida por minerais considerados essenciais para a transição energética, intensifica processos de rupturas sociometabólicas em escala ampliada no espaço-tempo. No Brasil, o setor corporativo encontra um ambiente propício para expandir suas atividades minerárias, contando com o apoio substancial do Estado que endossa e viabiliza projetos desenvolvimentistas. Na Bahia, esse processo gera inúmeros conflitos socioambientais e aprofunda a invisibilização histórica dos povos do campo e das comunidades tradicionais. Este artigo analisa o método do setor corporativo e do Estado, especialmente na Bahia, considerando seus discursos e práticas no contexto da transição energética e da demanda global por minerais estratégicos. Especificamente, reflete sobre a expansão, sem precedentes, das pesquisas e prospecções minerais e dos conflitos territoriais decorrentes. Aborda as narrativas do Estado na audiência pública realizada na Assembleia Legislativa da Bahia, com a participação central do Movimento pela Soberania Popular na Mineração, evidenciando contradições a partir das diferentes perspectivas em disputa. Além disso, discute a atuação da empresa estatal de pesquisa mineral, que presta consultoria a mineradoras e reproduz discursos propagados estrategicamente pelo setor midiático-corporativo. A pesquisa adota uma abordagem dialética, sustentada na análise da realidade concreta, seu movimento histórico e suas contradições, utilizando técnicas qualitativas como observação participante em reuniões e espaços de formação dos movimentos sociais, bem como durante a referida audiência pública, e análise documental de matérias jornalísticas e publicações em redes sociais oficiais de mineradoras e governos municipais e estadual. Em linhas gerais, evidencia-se uma arquitetura que envolve mecanismos de controle de poder e instrumentos de dominação: pragmatismo estratégico e hegemonia setorial; desrespeito normativo e captura institucional; estratégias de consenso e controle social; avanço tecnológico e controle da informação; investigação territorial e aparato coercitivo; capital hegemônico e impactos socioambientais. Por meio dessa estrutura, as táticas corporativas encontram respaldo na máquina pública que atua para neutralizar os entraves políticos e sociais, além de se beneficiarem de um ambiente político favorável à mineração sob o pretexto da descarbonização. Está em curso uma ofensiva incontrolada do capital, compactuada pelo Estado, que afiança a expansão mineral sob o discurso da sustentabilidade e da transição energética, ignorando os impactos socioecológicos sobre os povos do campo, seus territórios e modos de vida.
Palavras-chave: Discursos; Setor Corporativo Mineral; Estado; Mineração; Transição Energética.
Corporate-state method in the mineral sector: Discourses and practices in the context of energy transition
Abstract
The contemporary global socio-ecological context is marked by catastrophic events associated with climate change. In this scenario, the race for minerals considered essential for the energy transition intensifies processes of socio-metabolic disruptions on an expanded scale, in space and time. In Brazil, the corporate sector finds a favorable environment to expand its mining activities, counting on the substantial support of the State, which endorses and facilitates development projects. In Bahia, this process generates numerous socio-environmental conflicts and deepens the historical invisibility of rural peoples and traditional communities. This article analyzes the method of the corporate sector and the State, especially in Bahia, considering their discourses and practices in the context of the energy transition and the global demand for strategic minerals. Specifically, it reflects on the unprecedented expansion of mineral research and prospecting and the resulting territorial conflicts. It addresses the State's narratives in the public hearing held in the Legislative Assembly of Bahia, with the central participation of the Movement for Popular Sovereignty in Mining, highlighting contradictions based on the different perspectives in dispute. Furthermore, it discusses the actions of the state-owned mineral research company, which provides consultancy to mining companies and reproduces discourses strategically propagated by the corporate media sector. The research adopts a dialectical approach, based on the analysis of concrete reality, its historical movement and its contradictions, using qualitative techniques such as participant observation in meetings and training spaces of social movements, as well as during the aforementioned public hearing, and documentary analysis of journalistic articles and publications on official social networks of mining companies and municipal and state governments. In general terms, it highlights an architecture that involves mechanisms of power control and instruments of domination: strategic pragmatism and sectoral hegemony; regulatory disregard and institutional capture; strategies of consensus and social control; technological advancement and information control; territorial investigation and coercive apparatus; hegemonic capital and socio-environmental impacts. Through this structure, corporate tactics find support in the public sector, which works to neutralize political and social obstacles, in addition to benefiting from a political environment favorable to mining under the pretext of decarbonization. An uncontrolled offensive by capital is underway, supported by the State, which guarantees mineral expansion under the guise of sustainability and energy transition, ignoring the socio-ecological impacts on rural people, their territories and ways of life.
Keywords: Discourses; Corporate Mineral Sector; State; Mining; Energy Transition.
El método corporativo-estatal en el sector minero: Discursos y prácticas en el contexto de la transición energética
Resumen
El contexto socioecológico global contemporáneo está marcado por eventos catastróficos asociados al cambio climático. En este escenario, la carrera por los minerales considerados esenciales para la transición energética intensifica procesos de rupturas sociometabólicas a escala expandida en el espacio-tiempo. En Brasil, el sector empresarial encuentra un ambiente favorable para expandir sus actividades mineras, contando con un importante apoyo del Estado, que avala y viabiliza proyectos de desarrollo. En Bahía, este proceso genera innumerables conflictos socioambientales y profundiza la invisibilidad histórica de los pueblos rurales y las comunidades tradicionales. Este artículo analiza el método del sector empresarial y del Estado, especialmente en Bahía, considerando sus discursos y prácticas en el contexto de la transición energética y de la demanda global de minerales estratégicos. En concreto, reflexiona sobre la expansión sin precedentes de la investigación y prospección minera y los conflictos territoriales resultantes. Aborda las narrativas del Estado en la audiencia pública realizada en la Asamblea Legislativa de Bahía, con la participación central del Movimiento por la Soberanía Popular en la Minería, destacando contradicciones a partir de las diferentes perspectivas en disputa. Además, analiza las acciones de la empresa estatal de investigación minera, que brinda consultoría a empresas mineras y reproduce discursos propagados estratégicamente por el sector mediático corporativo. La investigación adopta un enfoque dialéctico, apoyado en el análisis de la realidad concreta, su movimiento histórico y sus contradicciones, utilizando técnicas cualitativas como la observación participante en reuniones y espacios de formación de movimientos sociales, así como durante la citada audiencia pública, y el análisis documental de artículos periodísticos y publicaciones en redes sociales oficiales de empresas mineras y gobiernos municipales y estatales. En términos generales, se evidencia una arquitectura que involucra mecanismos de control del poder e instrumentos de dominación: pragmatismo estratégico y hegemonía sectorial; falta de respeto regulatorio y captura institucional; estrategias de consenso y control social; avance tecnológico y control de la información; investigación territorial y aparato coercitivo; capital hegemónico e impactos socioambientales. A través de esta estructura, las tácticas corporativas encuentran apoyo en el sector público que trabaja para neutralizar los obstáculos políticos y sociales, además de beneficiarse de un entorno político favorable a la minería bajo el pretexto de la descarbonización. Está en marcha una ofensiva descontrolada del capital, apoyado por el Estado, que apoya la expansión minera bajo el disfraz de la sostenibilidad y la transición energética, ignorando los impactos socioecológicos sobre las personas rurales, sus territorios y formas de vida.
Palabras clave: Discursos; Sector Corporativo Mineral; Estado; Minería; Transición energética.
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