A negação dos povos indígenas no processo de formação histórico-territorial do Brasil: Um passado colonial amarrado ao presente
DOI:
https://doi.org/10.48075/amb.v5i2.31455Resumo
O propósito principal do presente escrito é recolocar a questão da negação dos povos indígenas no processo de formação histórico-geográfica do Brasil como um problema que se ampliou e agravou pela permanência da lógica de uso do espaço norteada pela racionalidade técnico-instrumental capitalista. O método escolhido para refletir sobre essa questão fundamentou-se na perspectiva analítico-reflexiva como meio para explicar a espacialização do problema do cercamento dos territórios indígenas frente à expansão do agronegócio, no âmbito da teoria social crítica, o qual teve o suporte na técnica da superposição de dois mapas elaborados para tal finalidade. O principal resultado deste trabalho traduziu-se na constatação de que, se a lógica inerente à racionalidade técnico-instrumental capitalista não mudar, os povos indígenas continuarão ameaçados de terem seus territórios tomados e suas culturas apagadas, inviabilizando os pressupostos do bem-viver que poderiam ser utilizados para construirmos outro mundo na Terra. Com isso, o escrito chama atenção para a condição de um processo contínuo e permanente que marginaliza os territórios dos povos indígenas, condenando-os à condição de existência precária e negação dos seus direitos em função, notadamente, da permanência da colonialidade fundamentada na violência e eliminação desses povos que não interessam diretamente ao processo de acumulação. Assim, negar a existência e a importância de seus territórios, reforça o quadro de desigualdades e injustiças sócio-espaciais que constitui a essência da formação brasileira.
Palavras-chave: Povos originários; Agronegócio; Cercamento territorial; Território ameaçado.
The indigenous people’s denial in Brazil’s historical-territorial formation process: A colonial past tied to the present
Abstract
The main purpose of this paper is to reconsider the question of the indigenous people denial in the historical-geographical formation process in Brazil as a problem that has expanded and worsened due to the permanence of the logic space’s use guided by capitalist technical-instrumental rationality. The method chosen to reflect on this issue was based on the analytical-reflective perspective as a means to explain the spatialization of enclosing indigenous territories problem in the face of the expansion of agribusiness, within the scope of critical social theory, which was supported by the technique of superimposition of two maps prepared for this purpose. The main result of this work was translated into the realization that, if the logic inherent to the capitalist technical-instrumental rationality does not change, indigenous peoples will continue to be threatened with having their territories taken and their cultures erased, making unfeasible the assumptions of well-being that could be used to build another world on Earth. For that, this paper draws attention to a continuous and permanent process that marginalizes the territories of indigenous people, condemning them to the condition of precarious existence and denial of their rights due to, notably, the permanence of coloniality based on the violence and elimination of these people who are not directly interested in the process of accumulating goods. Thus, denying the existence and importance of their territories reinforces the inequalities situation and socio-spatial injustices that constitutes the essence of Brazilian historical-territorial formation.
Keywords: Original peoples; Agribusiness; Territorial fencing; Threatened territory.
La negación de los pueblos indígenas en el proceso de formación histórico-territorial de Brasil: Un pasado colonial ligado al presente
Resumen
El principal objetivo de este escrito es restituir la cuestión de la negación de los pueblos indígenas en el proceso de formación histórico-geográfica de Brasil como un problema que se ha ampliado y empeorado debido a la permanencia de la lógica de uso del espacio guiada por la racionalidad técnico-instrumental capitalista. El método escogido para reflexionar sobre este tema se basó en la perspectiva analítico-reflexiva como medio para explicar la espacialización del problema del cercamiento de los territorios indígenas frente a la expansión del agronegocio, en el ámbito de la teoría social crítica, que se sustentó mediante la técnica de superposición de dos mapas elaborados con el fin de demostrar esta expansión. El principal resultado de este trabajo se tradujo en la constatación de que, si no cambia la lógica inherente a la racionalidad técnico-instrumental capitalista, los pueblos indígenas seguirán siendo amenazados con la usurpación de sus territorios y el borrado de sus culturas, haciendo inviables los supuestos de bienestar que podrían utilizarse para construir otro mundo en la Tierra. Con eso, el escrito llama la atención sobre la condición de un proceso continuo y permanente que margina los territorios de los pueblos indígenas, condenándolos a la condición de existencia precaria y a la negación de sus derechos debido, en particular, a la permanencia de la colonialidad basada en la violencia y la eliminación de los pueblos que no son de interés directo para el proceso de acumulación. Así, negar la existencia y la importancia de sus territorios refuerza el marco de desigualdades e injusticias socioespaciales que constituyen la esencia de la formación histórico-territorial brasileña.
Palabras clave: Pueblos originarios; Agroindustria; Cercado territorial; Territorio amenazado.
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