Uma narrativa histórica da capoeira no cenário norte-mineiro: uma prática cultural em Montes Claros/MG

Autores

  • Stéfanie Bruna Gonçalves da Silva Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros
  • Ester Liberato Pereira Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros

DOI:

https://doi.org/10.36453/2318-5104.2018.v16.n1.p141

Palavras-chave:

capoeira, história, esporte.

Resumo

O presente artigo trata de um processo de desenvolvimento histórico da prática da capoeira na cidade de Montes Claros, localizada na região norte do estado de Minas Gerais. Assim, procurou-se abordar desde os seus primeiros indícios, bem como sua contribuição para a formação cultural norte-mineira. O objetivo do estudo foi identificar um processo histórico da prática da capoeira em Montes Claros/MG, desde sua emergência, a partir da década de 1950, até os dias atuais. Foi realizada uma pesquisa documental em fontes documentais e impressas, tais como jornais locais que divulgaram diversos eventos relacionados à capoeira em Montes Claros, bem como documentos impressos fornecidos por alguns grupos de capoeira presentes na cidade, descrevendo sua história, e os projetos que desenvolvem. Tais fontes foram submetidas à análise documental. Os primeiros indícios da capoeira em Montes Claros datam do final de 1958. A capoeira contou com diversos jornais locais como importantes colaboradores para conferir a devida importância para esta luta-arte, abordando diversos eventos sobre a prática na região e possibilitando o ganho de espaço junto ao cenário sociocultural norte-mineiro. Os grupos e admiradores desta prática, assim, passaram a realizar diversos eventos para a sociedade montes-clarense. Com a sua expansão, seus praticantes perceberam a necessidade de criar um grupo que tivesse por objetivo ampliar ainda mais esta prática cultural na cidade, criando, em 2013, a Liga Montes-Clarense de Capoeira. Com o desenvolvimento que a capoeira estava tomando, vários grupos foram emergindo e renomados mestres se mudaram para Montes Claros. Evidenciaram-se indícios da emergência e expansão da capoeira em Montes Claros, bem como do quanto esta prática cultural se desenvolveu no decorrer dos anos não somente na cidade, mas também na região norte-mineira, contribuindo para a formação cultural regional. Revelaram-se, também, importantes contribuintes que fizeram e seguem fazendo com que a capoeira desenvolva-se e seja valorizada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Stéfanie Bruna Gonçalves da Silva, Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros

Bolsista de Iniciação Científica BIC/CAMPI da Universidade Estadual de Montes Claros. Acadêmica do curso de licenciatura em Educação Física, da Universidade Estadual de Montes Claros.

Ester Liberato Pereira, Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros

Doutora em Ciências do Movimento Humano pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano na ESEFID da UFRGS, na linha de pesquisa Representações Sociais do Movimento Humano. Professora efetiva do Departamento de Educação Física e do Desporto (DEFD) da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, onde atua nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Educação Física. Mestre em Ciências do Movimento Humano da ESEF/UFRGS. Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Licenciatura plena em Educação Física pela ESEF/UFRGS. Intercâmbios na Faculdade de Desporto (FADEUP) da Universidade do Porto (UP) (Portugal) e na Facultad de Educación Física (FACDEF) da Universidad Nacional de Tucumán (UNT) (Argentina). Experiência na área de pesquisa em Educação Física, com ênfase em História do Esporte e da Educação Física, Introdução à Educação Física, Campo Profissional da Educação Física, Estudos Socioculturais do Lazer e do Esporte, Esporte Adaptado, Esporte Paralímpico, Práticas Equestres (Hipismo) e Equoterapia. Membro da Associação Nacional de História (Anpuh). Foi integrante da equipe de Equoterapia do Centro de Equoterapia Cavalo Amigo por três anos (2010-2013). É coordenadora do Grupo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física, o qual faz parte do Laboratório de Estudo, Pesquisa e Extensão do Lazer (Ludens), do DEFD da Unimontes. É membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Neurociência, Exercício, Saúde e Esporte (GENESEs), do DEFD da Unimontes. Também é Membro Pesquisador junto à Academia Paralímpica Brasileira (APB). É associada ao Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE). É Membro da Academia Olímpica Brasileira. Participou do 21st International Seminar on Olympic Studies for Postgraduate Students of the International Olympic Academy, ocorrido em Olímpia - Grécia.

Referências

ABIB, P. R. J. Os velhos capoeiras ensinam pegando na mão. Cadernos CEDES, Campinas , v. 26, n. 68, p. 86-98, Abr. 2006.

AÇÕES conjuntas para melhorar o Cristo Rei. Jornal O Norte de Minas. Montes Claros, 09/02/2006, p. 11.

ALUNOS dos centros de convívio fazem a festa na praça. Jornal O Norte de Minas. Montes Claros, 24/01/2006, p.14.

AMARAL, M. G. T.; SANTOS, V. S. Capoeira, herdeira da diáspora negra do Atlântico: de arte criminalizada a instrumento de educação e cidadania. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 62, p. 54-73, dez. 2015.

ARAÚJO, P. C. Abordagens sócio-antropológicas da luta/jogo da capoeira. Maia: Instituto Superior da Maia, 1997.

ARRUDA, J. Ações de inclusão social e cidadania no Cidade Industrial. Jornal O Norte de Minas. Montes Claros, 09/03/2006, p.15.

ASCOM. Montes Claros sedia Festival de Capoeira. Prefeitura de Montes Claros. Disponível em: <http://www.montesclaros.mg.gov.br/agencia_noticias/2015/mai-15/not_06_05_15_3710.php>. Acesso em: 07 mar. 2018.

ATLETAS discutem criação da Liga Montes-Clarense de Capoeira. Jornal de Notícias. Montes Claros, 06/06/2017, p.09.

BACELLAR, C. Fontes documentais: uso e mau uso dos arquivos. In: PINSKY, C. B. (Org.). Fontes Históricas. 2a ed. São Paulo: Contexto, 2008.

BERIMBAU de Ouro: SESC reforça os projetos da Associação de Capoeira. Jornal de Notícias, Montes Claros, 22/02/2002.

BURKE, P. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.

CAPOEIRA, história e ação social: Encontro Nacional Angola trará à cidade renomados Mestres e vai mostrar trabalhos especiais. Jornal de Notícias, Montes Claros, 11/10/ 2002. Folha Esporte. p.13.

CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas, São Paulo: Papirus, São Paulo, 1988.

CORTEZ, M. B.; BONOMO, M.; MENANDRO, M. C. S.; TRINDADE, Z. A. Luta, dança, filosofia de vida: a capoeira cantada pelos capoeiristas. Psicologia para América Latina. México, n. 14, out. 2008.

ESCOLA aberta começa com sucesso. Jornal O Norte de Minas. Montes Claros, 04/10/2005, p.12.

FALCÃO, J. L. C.; SILVA, B. E. S.; ACORDI, L. O. A pesquisa-ação e as práticas culturais populares: a experiência do projeto “capoeira e os passos da vida”. In: SILVA, A. M.; DAMIANI, I. R. (Orgs.). – Práticas Corporais. Florianópolis: Nauemblu Ciência & Arte, 2005, p. 161-175.

FERREIRA, B. S. O dispositivo da capoeiragem: escritas, técnicas e estéticas da existência. 2013. 155f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Comunicação / Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura: Rio de Janeiro, 2013.

FIGUEIREDO, E. Montes Claros: Capoeira Axé. Montes Claros, 2017.

FONSECA, V. A Capoeira Contemporânea: Antigas Questões, Novos Desafios. Recorde - Revista de História do Esporte, v. 1, n. 1, junho de 2008.

GONÇALVES, M. A. R; PEREIRA, V. O. Educação e patrimônio: notas sobre o diálogo entre a escola e a capoeira. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 62, p. 74-90, dez. 2015.

GOUVEIA, P. C. A capoeira em São Luís do Maranhão: Projeto Mandigueiros do Amanhã como exemplo de inclusão social (1995-2002). 2006. 73 f. Monografia (Graduação em História) – Universidade Estadual do Maranhão, 2006.

JAQUEIRA, A. R.; ARAÚJO, P. C. Análise praxiológica do primeiro regulamento desportivo da capoeira. Movimento, Porto Alegre v. 19, n. 02, p. 31-53, abr/jun de 2013.

LOPES, L. Mais um Montesclariô. O Norte de Minas. Montes Claros, 19/04/2017. Disponível em: <http://onorte.net/montes-claros/mais-um-montesclari%C3%B4-1.470528>. Acesso em: 06 mar. 2018.

LUSSAC, R. M. P. Especulações acerca das possíveis origens indígenas da capoeira e sobre as contribuições desta matriz cultural no desenvolvimento do jogo-luta. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 267-278, Jun. 2015.

MARINHO, N. M. T.; LUCENA, R. F. A construção de uma nova abordagem para a capoeira pelos Mestres Bimba e Pastinha no Brasil da década de 1930. XIV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física/I International Congress of Sports History. Anais...Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas, 2016.

MELO, F.; BARREIRA, C. R. A. As fronteiras psicológicas entre violência, luta e brincadeira: as transições fenomenológicas na prática da capoeira. Movimento, Porto Alegre, 21(1), p. 125-138.

MONTES-CLARENSE participa do VI Festival de Capoeira da Austrália. Jornal de Notícias. Montes Claros, 17/09/2007. Folha Cidade. p.13 .

MONTES CLAROS – Dia municipal da capoeira será comemorado no dia 3 de agosto. Jornal Montes Claros. Montes Claros, 01/08/2014.

OLIVEIRA, J. P.; LEAL, L. A. P. Capoeira, Identidade e Gênero: Ensaios sobre a história social da Capoeira no Brasil. Salvador: EDUFBA, 2009.

PESAVENTO, S. J. História & História Cultural. 2a ed. Belo Horizonte: Autênctica, 2008.

PIMENTEL, A. O método da pesquisa documental: seu uso numa pesquisa historiográfica. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n.114, p.179-195, nov.2001.

ROSÁRIO, T. B. Das primeiras armadas, rabo de arraia, e outras pernadas: a história da capoeira no Sertão das Gerais. 2013. 38f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso). Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, 2013.

SANTOS, G. O. Alguns sentidos e significados da capoeira, da linguagem corporal, da Educação Física. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 30, n. 2, p.123-136. Jan. 2009.

SERPA, A.; ARAÚJO, H.; BORGES, S. Relações entre capoeira e internet: táticas de territorialização no espaço urbano de Salvador, Bahia. In: BARTHE-DELOIZY, F.; SERPA, A. (Orgs.). Visões do Brasil: estudos culturais em Geografia [online]. Salvador: EDUFBA; Edições L'Harmattan, 2012, pp. 127-144.

SILVA, J. A. B. A capoeira na formação da pessoa com deficiência visual: dificuldades e perspectivas presentes na ação pedagógica. 2008. 96f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, 2008.

SILVA, L. C. D.; FERREIRA, A. D. Capoeira dialogia: o corpo e o jogo de significados. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Porto Alegre, v. 34, n. 3, p. 665-681, Set. 2012.

SILVA, R. A. A propósito dos 500 anos do Brasil: saudações a Oxalá e ao Senhor do Bonfim no sertão de Minas Gerais. Cadernos de campo. n.11, 2003.

SOARES, C. L. Educação Física Escolar: conhecimento e especificidade. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, supl. 2, p.6-12, 1996.

VALE-TUDO FW 13 Fight nesta sexta-feira no SESC. Jornal O Norte de Minas. Montes Claros, 09/02/2006, p.10.

ZONZON, C. N. Capoeira Angola: africana, baiana, internacional. In: MOURA, M. (Org.). A larga barra da baía: essa província no contexto do mundo [online]. Salvador: EDUFBA, 2011, pp. 130-165.

Downloads

Publicado

30.05.2018

Como Citar

SILVA, S. B. G. da; PEREIRA, E. L. Uma narrativa histórica da capoeira no cenário norte-mineiro: uma prática cultural em Montes Claros/MG. Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 16, n. 1, p. 141–151, 2018. DOI: 10.36453/2318-5104.2018.v16.n1.p141. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/19117. Acesso em: 29 mar. 2024.