Pesquisas sobre formação e desenvolvimento profissional em educação física no contexto brasileiro

Autores

  • Jorge Both Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Agências de fomento

Palavras-chave:

Educação Física, Esporte, Formação Profissional, Professores,

Resumo

O desenvolvimento da ciência no cenário brasileiro, bem como, das políticas educacionais voltadas à educação superior no nosso país nos últimos 30 anos favoreceram a consolidação do tema investigativo “Formação e Desenvolvimento Profissional em Educação Física”. De fato, observa-se que pesquisadores ligados à área fazem desse tema um campo de pesquisa frutífero de trabalhos originais e ensaios teóricos em diversos periódicos e congressos nacionais. Destaca-se que atualmente entidades científicas e grupos de pesquisa vinculados a instituições de ensino superior possuem como ponto chave de discussão aspectos voltados à formação inicial e continuada, bem como, da avaliação do desenvolvimento da carreira do profissional de Educação Física tanto no âmbito da licenciatura como no âmbito do bacharelado. De fato, o tema é relevante! Para se ter uma ideia, em 1991 haviam no Brasil 117 cursos de graduação em Educação Física. Em 1996, ano de promulgação da atual Lei e Diretrizes e Bases da Educação, haviam 152 cursos. No ano de 2004, no qual foi publicada a resolução que determinou a formação diferenciada do bacharel e do licenciado em Educação Física, haviam 469 cursos de graduação (HUNGER et al., 2006). Agora, em 2019, existem 805 cursos de licenciatura e 789 de bacharelado em atuação no território nacional, sendo 100 ofertados na modalidade à distância (55 de licenciatura e 45 de bacharelado) (BRASIL, 2019a). No caso da pós-graduação strictu-sensu o aumento do número de programas nos últimos anos não é diferente, embora seja desproporcional a oferta de cursos nas macrorregiões do país e na localização dos programas quando considerado a relação entre capital e interior dos estados (BRASIL, 2019b). Assim, ao avaliar esses dados, observa-se que existe a necessidade de analisar a formação do profissional em Educação Física, pois devemos estar alerta para entender se o aumento da oferta da formação está atrelado ao aumento da qualidade do conhecimento repassado nos cursos de formação. Nesse sentido, buscou-se, por meio do dossiê de “Formação e Desenvolvimento Profissional em Educação Física”, dar espaço aos pesquisadores brasileiros e estrangeiros para apresentação de suas investigações. Destaca-se que tudo isso foi possível graças à oportunidade dada pela equipe editorial do Caderno de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, a qual acatou a solicitação de apresentação do número temático. Após o trabalho árduo de divulgação do dossiê e de avaliação dos trabalhos, constatou-se que entre os artigos aprovados do número temático houve a colaboração de um pesquisador chileno vinculado a Universidad Católica del Maule (UCM). Além disso, todas as macrorregiões geográficas do Brasil foram representadas com pesquisadores vinculados em instituições de ensino superior localizadas nos seguintes estados: Paraná (Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz – FAG; Centro Universitário Metropolitano de Maringá – UNIFAMMA; Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR; Universidade Estadual de Londrina – UEL; Universidade Estadual de Maringá – UEM; Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG; Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO; Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE; Universidade Paranaense – UNIPAR), São Paulo (Centro Universitário FIEO – UNIFEO; Centro Universitário da Fundação Hermínio – FHO; Faculdade de Mauá – FAMA; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP; Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP; Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP; Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP), Rio Grande do Sul (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense – IFSUL; Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS; Universidade Federal de Pelotas – UFPEL; Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA; Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS); Santa Catarina (Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis – IESGF; Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC; Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC), Mato Grosso (Faculdade Centro Mato-Grossense – FACEM; Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT), Pará (Universidade do Estado do Pará – UEPA; Universidade Federal do Pará – UFPA), Bahia (Universidade do Estado da Bahia – UNEB); Ceará (Instituto Federal do Ceará – IFCE). No dossiê são apresentados 28 artigos, nos quais diversos temas foram abordados. Destaca-se que a formação inicial em Educação Física foi abordada considerando os cursos de bacharelado e licenciatura. No que se refere aos artigos que trataram sobre a formação inicial de professores de Educação Física, observou-se que os pesquisadores estavam preocupados em desvendar sobre: os saberes que motivam os alunos durante a graduação; o desenvolvimento profissional e pessoal dos futuros professores; o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID); o estágio curricular supervisionado. Além disso, ressalta-se que a visão dos docentes dos cursos de graduação sobre o emprego de metodologias ativas na formação inicial em Educação Física também foi alvo de um estudo. Os estudos que buscaram analisar a formação inicial dos estudantes de bacharelado em Educação Física avaliaram como ocorre a prática como componente curricular durante o curso, e os sentimentos de auto eficácia e de motivação dos discentes. Além disso, o nível de atividade física no lazer, a capacidade aeróbia e a percepção de bem-estar de alunos de um curso de Educação Física foi apresentada em um dos trabalhos. Questões associadas à atuação profissional foram apresentadas nos estudos do dossiê. No que se refere ao campo do bacharelado em Educação Física, destaca-se o texto que abordou perfil e características profissionais de treinadores de tênis. No campo da docência investigações buscaram avaliar: a percepção dos professores iniciantes sobre o trabalho docente; as redes que os professores estabelecem para interação no ambiente escolar; as preocupações pedagógicas dos professores. Além disso, o conteúdo circo, as condições que facilitam a prática pedagógica, a percepção de satisfação do docente sobre o seu trabalho e a atuação com alunos com deficiência foram aspectos destacados nos trabalhos. Em relação a análise de artigos e documentos, o dossiê está composto com um artigo de revisão que buscou avaliar a auto eficácia docente na área da Educação Física. Além disso, dois interessantes trabalhos buscaram avaliar projetos políticos de cursos de graduação em Educação Física, sendo que um analisou como era abordada a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) nos cursos de graduação no sul do Brasil, e o outro trabalho buscou avaliar como o conteúdo lazer e recreação era discutido na graduação, considerando quatro casos, sendo dois cursos brasileiros, um chileno e um uruguaio. No dossiê são apresentados ensaios teóricos que buscaram discutir aspectos relacionados: a história da formação profissional na Educação Física; a formação de professores de Educação Física para atuar com alunos com necessidades especiais; as novas diretrizes curriculares nacionais dos cursos de Educação Física. Destaca-se que tais trabalhos oportunizam a abertura de discussões sobre temas relevantes. Além disso, os relatos de experiências apresentados no dossiê buscaram apresentar experiências ocorridas durante atividades de ensino da dança na graduação, bem como, buscaram relacionar a extensão e a pesquisa em atividades que ocorreram na educação física escolar. Assim, nesse período de incertezas frente às políticas da educação superior no Brasil, gostaria de agradecer aos autores que colaboraram no dossiê por meio do envio de seus trabalhos. Destaca-se que os artigos apresentados nesse número poderão fomentar discussões no debate acadêmico por um longo período, oportunizando novas pesquisas e publicações. Além disso, gostaria de agradecer os diversos avaliadores do Caderno de Educação Física e Esporte, os quais não mediram esforços para contribuir para que o número temático fosse avaliado com o critério adequado em um curto espaço de tempo. Assim, para finalizar, desejo a todos os leitores uma ótima leitura!

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Referências

HUNGER, D.; NASCIMENTO, J. V.; BARROS, M. V. G.; HALLAL, P. C. Educação Física. HADDAD, A. E.; PIERANTONI, C. R.; RISTOFF, D.; XAVIER, I. M.; GIOLO, J.; SILVA, L. B. S. A trajetória dos cursos de graduação na saúde: 1991-2004. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006. p. 87-139.

BRASIL. Ministério da Educação. Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de Educação Superior. Sistema E-MEC. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acessado em: 23 de Setembro de 2019a.

BRASIL. Coordenadoria de Aperfeiçoamento Profissional do Ensino Superior. Cursos Avaliados e Recomendados: Educação Física. Plataforma Sucupira. Disponível em: <https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/quantitativos/quantitativoIes.jsf?areaAvaliacao=21&areaConhecimento=40900002>. Acessado em: 23 de Setembro de 2019b. >.

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Publicado

26.06.2019

Como Citar

BOTH, J. Pesquisas sobre formação e desenvolvimento profissional em educação física no contexto brasileiro. Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 17, n. 1, p. 11–12, 2019. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/22696. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

Apresentação do Dossiê