Ludi Gladiatorial: as escolas de treinamentos e a formação de profissionais em torno dos espetáculos de combate

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36453/cefe.2022.29464

Palavras-chave:

Gladiadores, Modelos Formativos, Ludi Gladiatorial, História

Resumo

INTRODUÇÃO: Do ritual funerário aos espetáculos nos anfiteatros, os gladiadores desempenharam papéis sociais que se modificaram ao longo dos séculos século VIII a.C. ao século V d.C. da Antiga Roma.
OBJETIVO: Com foco histórico-educacional, este texto tem o objetivo de analisar as escolas de treinamentos (Ludi gladiatorial) como modelo formativo nas formas de lutar, armamento, preparamento físico, estruturas de espetáculos, regras de lutas e convivência dos profissionais dos espetáculos de combate.
MÉTODOS: Para tanto, recorri à pesquisa bibliográfica nas obras de Veyne (2009, 2015), Poehler (2013), Garraffoni (2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2010), Site do Parque Arqueológico de Pompeia, entre outras obras e fontes que favorecessem a compreensão da trajetória do gladiador e da sua formação para responder às necessidades daquela sociedade, mesmo que, considerados pertencentes à atividade infame, os gladiadores eram requisitados em rituais comemorativos religiosos, militares e entretenimento nos anfiteatros e em outros espaços sociais, institucionalizando os locais de treinamentos e da trupe (familiae gladitoriae) no contexto sociocultural e administrativa de romanos e não-romanos.
RESULTADOS: As escolas de treinamento foram as instituições de preparação física, técnica e convivência entre diferentes sujeitos (lanistas, preparadores, lutadores e fãs) que institucionalizaram a profissão de lutadores nos espetáculos nas cidades locais e em trupe pelas cidades circunvizinhas e difundiam imagens de lutadores, atletas e gladiadores evidenciando a fama desses representantes da classe infâmia, contudo também revelam o modelo formativo aos jovens pela referência à coragem de “morrer lutando”, beirando o heroísmo, seja para fins militares e políticos, seja para fins disciplinares e punitivos. Tal mensagem incorpora-se aos espetáculos de massa, bem como à violência nas arenas.
CONCLUSÃO: Naquela instituição, o modelo de formação do gladiador foi sedimentado pelos rituais funerários (munus), comemorações religiosas, conquistas de guerras e punição aqueles considerados “fora da lei romana”, sem esquecer de mencionar que tal modelo era exemplo de virilidade, força e fama atraindo jovens e voluntários da Roma Antiga e institucionalizando o combate de gladiadores em todo o domínio romano.

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Biografia do Autor

Ariza Maria Rocha, Universidade Regional do Cariri (URCA), Crato, Brasil

Professora do Curso de História da Universidade Regional do Cariri (URCA). Pós-doutorado em História pela Faculdade de Letras/ Universidade de Lisboa - FLUL (2013-2014). Tem investigado o corpo e a alimentação no contexto da Educação e da História Cultural

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Publicado

13.09.2022

Como Citar

ROCHA, A. M. Ludi Gladiatorial: as escolas de treinamentos e a formação de profissionais em torno dos espetáculos de combate. Caderno de Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 20, p. e–29464, 2022. DOI: 10.36453/cefe.2022.29464. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/cadernoedfisica/article/view/29464. Acesso em: 20 abr. 2024.