Democracia representativa à brasileira, crise?

Um diálogo entre o método de Schumpeter, Dalh e as teorias de Urbinati e Manin

Autores

  • Sara Soares Sara Soares Mendes. Universidade Regional do Cariri. Pós-graduada em Direito Constitucional pela Universidade Regional do Cariri. Pós-graduanda em Direito Penal e Processo Penal pela Instituição de Ensino Dom Alberto. Bacharel em Direito pela Universidade Regional do Cariri. Email: sarasoaresmd@gmail.com https://orcid.org/0000-0003-2418-3123

DOI:

https://doi.org/10.48075/csar.v23i43.29635

Palavras-chave:

Cidadania, Democracia, Sistemas Eleitorais, Participação, Teorias Democráticas, Democracia Representativa, Crise Democrática

Resumo

Este trabalho tem como escopo analisar o fenômeno que assola a democracia representativa brasileira, denominado erroneamente de crise, de forma a criar um diálogo deste com a concepção de democracia através dos conceitos de Joseph A. Schumpeter, Robert Dahl, Bernard Manin e Nádia Urbinati, autores das respectivas teorias: Minimalista e Elitista, Pluralista, da Democracia de Público e do Plebicitarismo de Audiência. Diante disto, discute-se o colapso do Sistema Democrático Representativo Brasileiro através da seguinte indagação: “Os interesses que apontam às atitudes concretas dos eleitos fornecem representatividade efetiva aos eleitores?”. Seu objetivo é demonstrar a influência das referidas teorias no modelo democrático representativo, bem como examinar o porquê da suposta crise estabelecida no sistema democrático brasileiro. Para tanto, foram realizadas compreensões acerca da democracia como método com finalidade única de eleger representantes, sendo o dispositivo utilizado por uma elite capacitada para governar, bem como a teoria que se contrapõe a esta e defende igualdade e participação entre os cidadãos.  Desse modo, em razão da insuficiência dessas teses para conceituação total do arcabouço do sistema democrático, iniciou-se a percepção das teorias democráticas que focam na figura do candidato individualizado, vez que este passa a ser julgado pelo seu desempenho pessoal na competição eleitoral, postulando um palco no qual o objetivo principal é cativar os eleitores. Por fim, avalia-se o modelo de democracia vigente no país, de modo a examinar se os cidadãos são efetivamente contemplados pela representação. Para a realização da pesquisa, através da aplicação do método dialético e de uma abordagem qualitativa, utilizou-se uma revisão bibliográfica de teóricos em política, de artigos científicos e legislação.

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Publicado

15-12-2022

Como Citar

SOARES, S. Democracia representativa à brasileira, crise? Um diálogo entre o método de Schumpeter, Dalh e as teorias de Urbinati e Manin. Ciências Sociais Aplicadas em Revista, [S. l.], v. 23, n. 43, p. 209–236, 2022. DOI: 10.48075/csar.v23i43.29635. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/csaemrevista/article/view/29635. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos de Administração, Ciências Contábeis e Direito (Interdisciplinar)