Mulher negra de pele clara ou mulher branca de pele escura? Tensionamentos, negociações e disputas de verdades na constituição de uma youtuber negra

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v14i1.22831
Agências de fomento

Palavras-chave:

Relatos de si, Modos de subjetivação, Governamentalidade, Youtuber negra.

Resumo

O presente trabalho objetiva analisar os tensionamentos e as disputas de verdade que perpassam o processo de constituição das youtubers negras, tendo como materialidade selecionada o vídeo “Sobre ser negra”, do canal Rayza Nicácio, que será analisado a partir da perspectiva teórica-metodológica da Análise do Discurso de linha francesa, mais precisamente dos postulados foucaultianos. Para tanto, procuramos realizar uma articulação entre os estudos foucaultianos e os estudos étnicos-raciais, posicionando o campo da negritude na grade de inteligibilidade da governamentalidade, com o intuito maior de perceber as formas de governo de si e os modos de subjetivação da mulher negra contemporânea, verificando a produção e mobilização dos discursos que a atravessam no âmbito do YouTube. O que acaba por evidenciar um recorrente racismo que incide sobre a mulher negra e seu corpo, através de uma tentativa de embranquecê-lo ao máximo possível, negando e, por vezes, invisibilizando os principais aspectos constituintes da negritude, questões que ocorrem por meio e em meio a complexas relações de saber-poder.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pâmella Rochelle Rochanne Dias de Oliveira, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Membro do Grupo de Estudos do Discurso da UERN (GEDUERN).

Francisco Vieira da Silva, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).

Docente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e do Programa de Pós-Graduação em Ensino (POSENSINO) da associação entre a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).

Referências

BAMPI, Lisete. Governo, Subjetivação e Resistência em Foucault. Revista: Educação e Realidade, 27 (1): 127-150, jan./jun., 2002.

BURGESS, Jean; GREEN, Joshua. YouTube e a revolução digital: como o maior fenômeno da cultura participativa transformou a mídia e a sociedade. São Paulo: Aleph, 2009.

BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo. Crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

CANDIOTTO, Cesar. Cuidado da vida e cuidado de si: sobre a individualização biopolítica contemporânea. In: Dissertatio. n. 34, 2011.

CARDOSO, Hélio Rabelo Jr. Para que serve uma subjetividade? Foucault, Tempo e Corpo. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18 (3), pp. 229-000.

DAVIS, Angela Y. Blues legacies and Black feminism: Gertrude “Ma” Rainey, Bessie Smith and Billie Holiday. New York: Vintage Books, 1998.

DAVIS, Angela Y. Mujeres, raza y clase. Madrid: Akal, 2005.

FOUCAULT, Michel. A governamentalidade. In: Ditos e escritos, v. IV – Estratégia, poder-saber. Organização e seleção de textos: Manoel Barros da Motta. Tradução de Vera Lúcia Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.

FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, Hubert I, e RABINOW, Paul. Michel Foucault, uma trajetória filosófica. 2. ed., ver. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

FOUCAULT, Michel. Do governo dos vivos. Curso no Collège de France, 1979-1980 (excertos). Tradução, transcrição, notas e apresentação de Nildo Avelino. São Paulo/Rio de Janeiro: Achiamé, 2010b.

FOUCAULT, Michel. Arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves, - 7ed. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: Curso no Collège de France (1975-1976). Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo; Martins Fontes, 2005.

FOUCAULT, Michel. Os anormais: curso no Collège de France. Tradução: Eduardo Brandão. - São Paulo: Martins Fonseca, 2001.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 7º ed. Trad. Laura Fraga Sampaio. São Paulo: Loyola, 1996.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1988, 13. Ed.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade III: o cuidado de si. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque, revisão técnica de José Augusto Albuquerque. Edições Graal: Rio de Janeiro, 1985.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Tradução de Roberto. Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

GADEA, Carlos A. Negritude e pós-africanidade: crítica das relações raciais contemporâneas. Porto Alegre: Sulina, 2013.

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92-3, pp. 69-82, jan./jun. 1988.

GROS, Frédéric. O Cuidado de Si em Michel Foucault. In: RAGO, Margareth (Org.); VEIGA-NETO, Alfredo (Org.). Figuras de Foucault. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica. 2008.

OLIVEIRA, Sônia Regina Martins. Governamentalidade e constituição do sujeito em Foucault. Dissertação (Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Filosofia) Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2009.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes, 1999.

NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito social de origem, Tempo Social, São Paulo, v.19, n.1, p. 287-308, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ts/v19n1/a15v19n1.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2020.

REVEL, Juditn. Michel Foucault: conceitos essenciais. São Carlos: Claraluz, 2005.

RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro?. 1º ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala. 1º ed. Belo Horizonte (MG): Letramento, 2017.

SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1990.

WERNECK, Jurema. Políticas Públicas para as Mulheres Negras. Passo a Passo: Defesa, monitoramento e avaliação de políticas públicas. CRIOLA e Fundação Heinrich Böll Stiftung, 2010.

WIEVIORKA, Michel. O racismo, uma introdução. Tradução de Fany Kon. São Paulo: Perspectiva, 2007.

Downloads

Publicado

09-04-2020

Como Citar

DIAS DE OLIVEIRA, P. R. R.; VIEIRA DA SILVA, F. Mulher negra de pele clara ou mulher branca de pele escura? Tensionamentos, negociações e disputas de verdades na constituição de uma youtuber negra. Travessias, Cascavel, v. 14, n. 1, p. e22831, 2020. DOI: 10.48075/rt.v14i1.22831. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/22831. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

LINGUAGEM