El eterno femenino, de Rosario Castellanos, e Geni e o Zepelim, de Chico Buarque

convergências de sociedades machistas latino-americanas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48075/rt.v16i2.28143

Palavras-chave:

Rosario Castellanos, Feminismo, Literatura comparada

Resumo

Chico Buarque de Holanda é músico, dramaturgo, escritor e ator brasileiro. Trata-se de um dos maiores nomes da música popular brasileira, e, após retornar do exílio na Itália, compôs, para a peça A Ópera do Malandro, a música Geni e o zepelim (1979). Em sua letra, há uma crítica à forma como a sociedade brasileira demoniza o papel da mulher que foge do ideal proposto pelas convenções sociais – bela, recatada e do lar. Rosario Castellanos é considerada um dos maiores nomes da literatura mexicana contemporânea. Foi escritora de vários gêneros literários, além de filósofa, pensadora e investigadora. Sua peça El eterno femenino (1975), uma farsa, apresenta uma crítica contundente e bem-humorada do retrato da mulher na América Latina, tendo como recorte específico a sociedade mexicana. A junção desses dois autores serve-nos de propósito para confluir numa análise das características impostas por uma sociedade machista patriarcal, tanto lá (México), quanto cá (Brasil). Desse modo, o objetivo deste artigo é apontar convergências relacionadas à crítica feminista entre o discurso da peça de teatro mexicana e a letra da música brasileira – também elaborada para uma peça teatral. Como base teórica da análise de composição teatral, destaca-se Anatol Rosenfeld (1982), apontando elementos do drama como trincheira de resistência e desconstrução hegemônica, Fleck (2017), com um olhar sobre a relação entre história e ficção na América Latina como via de descolonização e, por fim, uma breve reflexão a partir da análise do discurso proposta por Pêcheux (2009).

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Biografia do Autor

Josiane Ribeiro Valcarenghi, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Professora concursada de Português e Espanhol na Rede de Educação Básica do Paraná há 11 anos. Pesquisadora na área de Literatura Comparada, graduada e pós-graduada pela UNIOESTE, especialista em Estudos Hispânicos, mestre em Letras pela UNIOESTE.

Marcio da Silva Oliveira, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Doutor em Letras. Atualmente em estágio de pós-doutorado, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Integrante do grupo de pesquisa “Ressignificações do passado na América Latina: leitura, escrita e tradução de gêneros híbridos de história e ficção – vias para a descolonização”.

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Publicado

29-08-2022

Como Citar

VALCARENGHI, J. R.; OLIVEIRA, M. da S. El eterno femenino, de Rosario Castellanos, e Geni e o Zepelim, de Chico Buarque: convergências de sociedades machistas latino-americanas . Travessias, Cascavel, v. 16, n. 2, p. e28143, 2022. DOI: 10.48075/rt.v16i2.28143. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/28143. Acesso em: 28 abr. 2024.

Edição

Seção

LITERÁRIA