Os sentidos discursivos instaurados no logotipo e slogan “Pátria Amada Brasil”
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v17i1.30548Palavras-chave:
Sentidos, Memória Discursiva, slogan “Pátria Amada Brasil”Resumo
Os sentidos que atravessam o logotipo e slogan intitulado “Pátria Amada Brasil”, veiculados durante o governo de Jair Bolsonaro, são analisados neste trabalho com o objetivo de verificar as práticas discursivas instauradas pelo sujeito enunciador desse discurso, bem como os efeitos de sentido mobilizados na cadeia do dizer, no âmbito do corpus mencionado. Busca-se também verificar se os sentidos instaurados em “Pátria Amada Brasil”, quando cotejados com os efeitos de “Brasil, ame-o ou deixo-o", veiculado durante a Ditadura militar, no século XX, evidenciam a existência da memória discursiva em seu aspecto de repetição (interdiscurso) ou se ocorre também deslizamentos de sentidos. As análises são realizadas pelo viés da Análise do Discurso (AD) à luz da teoria de Michel Pêcheux. A metodologia inclui o fechamento do espaço discursivo, o levantamento das condições de produção, a individuação das formações discursivas (FD), dos efeitos de sentido presentes nos discursos e a memória discursiva. As análises mostram que os sentidos que atravessam o slogan “Pátria Amada Brasil” instauram a releitura dos efeitos presentes no enunciado “Brasil, ame-o ou deixo-o", estabelecendo a regularização dos sentidos e a legitimação de valores presentes na sociedade nos anos da Ditadura. Ambos evidenciam práticas discursivas que se ancoram em discursos ideologicamente autoritários, que legitimam a presença do Estado repressivo, o uso da força para a extinção de uma imaginária ameaça comunista, mobilizando efeitos positivos para o nacionalismo e o patriotismo com o objetivo de moldar o comportamento dos sujeitos.
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