O signo da fera
uma leitura antropofágica de “O som do rugido da onça”, de Micheliny Verunschk
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v18i2.32976Palavras-chave:
Onça, Vingança, Antropofagia, Literatura BrasileiraResumo
O presente artigo busca analisar a simbologia da fera como elemento que dialoga com a Antropofagia oswaldiana no romance O som do rugido da onça, da escritora pernambucana Micheliny Verunschk. Buscaremos demonstrar como a figura do animal opera uma profícua simbiose com a protagonista, a criança indígena Iñe-e, e representa a busca por apropriação e vingança diante da violência colonialista, ao longo da re(a)presentação literária da formação nacional proposta pela autora. A deglutição da língua, da cultura, da historiografia do colonizador são o ponto de partida, portanto, para a “vingança” estabelecida pelos autores, que devoram o outro para denunciar o apagamento imposto aos sujeitos marginalizados pelos discursos oficiais. Nesse sentido, recorremos a pesquisadores como Ailton Krenak (2019), Eduardo Viveiros de Castro (2002) e Heloísa Toller Gomes (2011) para pensarmos as possibilidades de revitalização da metáfora antropofágica a partir da leitura crítica de nossa historiografia, destacando a onça como chave de leitura para a valorização da importância dos povos originários. Buscaremos comprovar, assim, como a literatura brasileira contemporânea confirma-se, sobretudo, como iniciativa de reelaboração antropofágica, visto que, além de subverter a centralidade do elemento europeu, propõe a concepção crítica de uma identidade nacional que não é fechada em si mesma.
Downloads
Referências
ANDRADE, O. Manifesto Antropófago. In: ANDRADE, O. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo, 2011.
GOMES, H. T. “A questão racial da antropofagia oswaldiana”. In: ROCHA, J. C. C.; RUFFINELLI, J. (org.). Antropofagia hoje?: Oswald de Andrade em Cena. São Paulo: É Realizações, 2011.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro, DP&A: 2006.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
KRENAK, A. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
MEDEIROS, D. Livro ‘O som do rugido da onça’ expõe violências do passado que reverberam no presente. Folha de Pernambuco, Recife, ano 17, 22 mar. 2021. Disponível em: https://www.folhape.com.br/cultura/livro-o-som-do-rugido-da-onca-expoe-violencias-do-passado-que/176927 . Acesso em: 18 jun. 2024.
NUNES, B. Antropofagia ao alcance de todos. In: ANDRADE, O. Obras Completas: A utopia antropofágica. São Paulo: Globo, 2011.
ROCHA, J. C. C.; RUFFINELLI, J. (org.). Antropofagia hoje?: Oswald de Andrade em Cena. São Paulo: É Realizações, 2011.
SANTIAGO, S. O começo do fim. Gragoatá, Niterói, n. 24, p. 13-30, jan./jun. 2008. Disponível em: https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33156/19143. Acesso em: 18 jun. 2024.
SANTIAGO, S. O entre-lugar do discurso latinoamericano. In: SANTIAGO, S. Uma literatura nos trópicos: ensaios sobre dependência cultural. Rio de Janeiro, Rocco: 2000. p. 11-28
SANTIAGO, S. Fechado para balanço: 60 anos de modernismo. Rio de Janeiro: PUC - Divisão de Intercâmbio e Edições, 1982.
SANTIAGO, S. Vale quanto pesa: ensaios sobre questões político-culturais. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
SPIVAK, G. C. Pode o subalterno falar? Trad. Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.
STERZI, E. Dilética da devoração e devoração da dialética. In: ROCHA, J. C. C.; RUFFINELLI, J. (org.). Antropofagia hoje?: Oswald de Andrade em Cena. São Paulo: É Realizações, 2011.
VERUNSCHK, M. O som do rugido da onça. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
VIVEIROS DE CASTRO, E. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob CC-BY-NC-SA 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com indicação da autoria e publicação inicial nesta revista

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.