Representação diluída da Shoá e o Ensino: o modelo (tele)dramático na obra fílmica Olga (2004), de Jayme Monjardim
Palavras-chave:
Shoá, representação, diluição, Olga BenárioResumo
Estudo sobre os problemas da representação da Shoá (“Holocausto”) em obras fílmicas, tendo como base teórica noções como resistência do trauma à narrativa, memória e testemunho, conceitos presentes em textos de autores como Márcio Seligmann-Silva e Berta Waldman. O objetivo é explicitar que o comprometimento da ética quando tais obras ficcionais se valem do trauma como elemento expressivo de drama – comoção ou “lamentação”, conforme Primo Levi. Essa problemática se alarga quando tais filmes são inseridos na Educação como recurso didático, como retrato de um período histórico A obra fílmica que serve como exemplo do debate apresentado é Olga (2004), do diretor Jayme Monjardim. A metodologia segue a seguinte dinâmica: 1. a reflexão sobre a representação do trauma e sua diluição ou simplificação; 2. O modelo tele(dramático) presente em Olga, de Jayme Monjardim, e a necessidade de professores e alunos distinguirem o que é “real” e o que é estilização (ou encenação) desse “real”. Nas considerações finais, propõe-se que o gênero documentário, ao lado da literatura de testemunho, problematiza melhor a Shoá e o trauma, sobretudo no ambiente escolar, porque são materiais textuais que se aproximam e se afastam da experiência traumática, tanto quanto de sua fragmentação, resultado do seu “choque violento”.
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