O realismo maravilhoso em Cem Anos de Solidão: um elemento de representação das memórias do autor
Palavras-chave:
Realismo maravilhoso, memórias, representação.Resumo
Em Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, encontramos um cabedal de eventos insólitos: mortos vagam durante a noite; mulher ascende ao céu ao estender um lençol; um padre levita ao comer chocolate; borboletas amarelas seguem um homem para onde quer que ele vá. Essas são apenas algumas das várias passagens em que o maravilhoso se encontra em estado pleno no cotidiano das personagens. Levando em consideração que cada autor se vale do realismo maravilhoso a seu modo, o objetivo deste estudo é, justamente, evidenciar de que forma o insólito se constitui na obra em questão, mediante à análise de trechos nos quais esse recurso literário se faz presente. A partir desse método, procuramos desvendar suas possíveis relações com a história do autor e com o contexto em que surgiu. No decorrer de nossa investigação, concluímos que tal estratégia serve, nesse romance em específico, como um elemento poético de representação das memórias do autor, que confere unidade ao texto e que acaba gerando um sentimento de identificação com uma cultura latino-americana em processo de esquecimento. Partindo de uma pesquisa bibliográfica, utilizamos como suporte teórico alguns estudiosos, como: Emir Rodriguez Monegal (1968) e Irlemar Chiampi (1980), que discutem a respeito da renovação literária da qual Gabo faz parte, Pollak (1989) e Pedruzzi (2014) no que concerne à questão da memória, Selma Calasans (1988; 2004), Alejo Carpentier (1985) e Gabriel García Márquez (1979; 2007), que dialogam sobre realismo maravilhoso e nos ajuda a estabelecer uma conexão com a obra em evidência.
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